No município de Marostega,
província de Vicenza, Itália, nasceram João Bedim e Rosa Cortezi. Casaram-se no
ano de 1870.
Humildes, sem propriedades,
possuíam somente uma junta de bois e um arado que usavam para lavrar a terra
para outros proprietários e com isso ganhar o suficiente para o sustento da
família.
João Bedim e Rosa Cortezi
tiveram um casal de filho. O rapaz levou o nome de Ângelo Bedim.
Ângelo, então com vinte anos
de idade, como era costume foi à festa da Padroeira na cidade de Verona. Lá
conheceu uma moça chamada Maria, filha de Antonio e Tereza Biella Vaccari.
Estes eram pequenos proprietários que moravam próximo a Verona. Os jovens logo
se apaixonaram e combinaram que Ângelo pediria aos pais de Maria para namorá-la.
Porém, neste primeiro momento, o namoro não foi possível simplesmente pelo fato
de Ângelo, ser pobre. A mãe de Maria, Tereza Biella Vaccari, orgulhosa de sua
descendência, não permitiu o namoro.
Ângelo, pelo pecado de ser
pobre ficou sem a sua bem amada.
Meses depois, João Bedim soube
que a família Vaccaria, no inicio do ano de 1889, juntamente com outras
famílias, haviam migrado para a América. Foi o que João ficou sabendo.
Messes depois, ao saírem da
costumeira missa de domingo, os homens e mulheres ouviram do padre a notícia de
que fora feito um acordo entre o Imperador da Itália e D. Pedro II, Imperador
do Brasil, pelo qual todas as famílias italianas que chegassem ao Brasil,
receberiam um lote de terra (vinte e cinco hectares), para trabalhar, e que para
não ferir o orgulho dos imigrantes italianos, lhes seria cobrado 20 mil réis
para ser pago depois de construída sua casa e iniciada a produção de cereais.
João Bedim com sua mulher
Rosa, já com idade, e tendo um único filho homem, Ângelo, já moço, sem terra
nem possibilidade de comprar, não vacilou e junto com outras famílias
inclusive a família Bonotto, que também era do município de Marostega, se candidataram
para imigrar para o Brasil.
Acertada a data e em
caravanas, saíram de Marostega em direção ao porto de Gênova, onde um navio os
aguardava. Dois dias depois iniciaram a viagem para sua grande aventura.
A saída de Gênova, com escala
em Nápolis, cruzou no estreito de Gibraltar, entraram no Atlântico dando adeus
a sua Pátria.
Depois de muitos dias navegando
cruzaram o paralelo, que foi festejado por todos cantando canções italianas.
Mas no mesmo dia veio a triste notícia que Dom Pedro I tinha sido deposto e
implantado no Brasil, uma república que para os italianos, representava
agitações e revoluções.
Continuando a viagem
finalmente com escala no Rio, São Paulo e Rio grande, RS. Deste ponto em diante
seguiram em um navio menos, via fluvial, até um
acampamento em Silveira Martins, depois até o pequeno porto de Umbu,
município de São Vicente.
Transferida a pesada bagagem
de baús de madeira e fardos para carroças e mulas, foram até Jaguari, que ainda
pertencia a São Vicente. Os homens acompanharam a pé, enquanto as mulheres e
crianças montavam em mulas e carroças.
Neste trajeto, foram
recepcionados entre São Vicente e Jaguari na fazenda dos Rosas, onde foi
oferecido um farto churrasco com farinha de mandioca.Chegando a Jaguari ficaram
acampados num rústico galpão que deram o nome de Barracão.
Após alguns dias todos os
homens foram convidados a acompanhar o agrimensor responsável pelo
assentamento. Após a demarcação todos receberam um documento de posse
provisória das 25 hectares de terra, conforme o compromisso assumindo pelo
imperador da Itália e D. Pedro II.
De posso desta propriedade,
João Bedim, mulher e seu filho Ângelo, estavam satisfeitos, pois para eles era
uma grande propriedade, que em sua Pátria jamais teriam condições de comprar,
Por isso, junto com mais nove proprietários, que iriam vizinhar na linha 6,
Chapadão, muniram-se de algumas ferramentas e subiram o cerro abrindo um pique
no mato que lhes serviria de caminho de acesso ao Barracão.
Uns quatro quilômetros de
distância, de onde estavam acampadas as mulheres e crianças, e num mutirão com
muita solidariedade, os dez novos proprietários com muita dificuldade
conseguiram construir as pequenas casas de pau-a-pique coberta de capim-santa-
fé e rabo de burro. Terminadas as construções que eram verdadeiros ranchos piso
de chão, fizeram a mudança do Barracão para as novas propriedades.
Os novos proprietários da
linha 6, eram os seguintes:
- João Bedim e Rosa Cortezi
Bedim;
- Batista Macalli e Maria
Macalli;
- Benevenuto Baraldi e esposa;
- Cezare Sontolin e esposa;
- Dalavale e esposa;
- Afonso Bolzan e esposa;
- Giosepe Vencato e Ângela
Disconzi Vencato;
- Batista Vaccari e Cândida
Cesti Vaccari;
- Santo Leorato e Genoveva
Disconzi Leorato
- Pedro Pelizari e Tereza
Pelizari.
Foi nesta localidade linha 6,
no Chapadão, que com a morte do pai de João Bedim, Ângelo seu único filho tomou
posse da terra. Casou com Maria Biella Vaccari tiveram quatro filhos homens e
sete filhas mulheres que são os seguintes:
- João Bedim, casado com
Tereza Guerra;
- Rosa Bedim, casada com
Antônio Bragato;
- Augusta Bedim, casada com
Augusto Friggi;
- Tereza Bedim, casada com Primo
Ciocheta;
- José Bedim, casado com
Silvia Galvani;
- Pedro Bedim, casado com
Victorina Daipozolo.
- Josefina Bedim, solteira;
- Assunta Bedim, casada com
Vergílio Farina;
- Santa Bedim, casada com João
Zucco;
- Luísa Bedim, casada com
Marcos Pizzato;
- Antonio Bedim, último filho
que nasceu em 1914, casado com Leonarda Maria Cazorla.
Além de seus filhos, Ângelo e
Maria criaram um sobrinho, Luiz.
Luiz era filho de Batista e
Cândida Cesti Vaccari, que faleceu durante o parto. Maria Vaccari Bedim assumiu
assim a criação do sobrinho.
Com a idade de dezoito anos,
em janeiro de 1940, Luiz foi para Santa Maria, e se apresentou voluntário no 7º
Regimento de Infantaria. Em plena 2ª Guerra Mundial, o então cabo Luís Cesti
Vaccari se inscreveu voluntário no 4º Escalão do Exército, para em fevereiro de
1945, seguir para o forte na Itália, combater o Eixo Roma x Berlim. O
desembarque foi no porto de Nápolis. Depois de uns meses num campo de
treinamento quando já tinham aprendido o manejo das modernas armas americanas fornecidas
por intermédio do 5º Exército; todo o 4º escalão em estado de alerta, aguardava
a ordem do General Mascarenhas de Morais, para seguir para o forte de batalha
quando chegou a boa notícia que o inimigo havia se entregado.
Por isso o 4º escalão foi
dispensado, e depois de alguns meses na Itália em agosto de 1945 voltaram para
o Brasil.
Em 1932 já com os filhos
casados, menos Antônio que foi trabalhar com o irmão José Bedim em Jaguari,
Ângelo e Maria Bedim também foi morar em Jaguari onde terminaram seus últimos
dias de vida.
TEXTO DA AUTORIA DE ANTÔNIO BEDIM DA FAMÍLIA DE JOÃO BEDIM.
PUBLICAÇÃO AUTORIZADA POR SUA NETA, CRIS.
Postaem º 3
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