26 de abril de 2015

Postagem 663
BEDIN V.I.P.

ARGINO BEDIN



Terra de oportunidades

Cravado no centro do Brasil, Sorriso (MT) destaca-se pela produtividade, alta tecnologia empregada e um dinamismo surpreendente

Diz o ditado popular que “é na dificuldade que se encontram as melhores oportunidades”. Os primeiros produtores, que chegaram no fim da década de 1970 em Sorriso, no centro do Brasil e do Mato Grosso, levaram o dito à risca. O resultado desse empreendedorismo em apenas 25 anos de emancipação foi galgar posições no PIB agrícola nacional até chegar aos primeiros lugares, conforme ranking do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Nos últimos cinco anos, Sorriso saiu da nona posição para ficar entre os municípios com o maior PIB Agrícola. Em 2008, chegou à primeira posição com uma geração de renda vinda do campo de R$ 829,5 milhões. No último levantamento (2009), a cidade ficou em terceiro, com o movimento de R$ 647 milhões – atrás de São Desidério (BA) com R$ 662,5 milhões e Rio Verde (GO) com R$ 676,2 milhões.

E qual o segredo de Sorriso? Além de um ótimo clima que favorece muito o cultivo da soja em terras planas, uma vontade enorme dos produtores de vencer em terras tão distantes. Outro ingrediente faz parte desse desenvolvimento da cidade: os agricultores investem constantemente em tecnologia no campo para obter a melhor produtividade possível. Isso significa que pelo menos 30% do que se ganha com a terra, são revertidos em insumos melhorados, técnicas de plantio e em equipamentos que garantem bons resultados.

“O que há de melhor em tecnologia está aqui”, diz Argino BEDIN, 61 anos, um dos pioneiros de Sorriso. Um investimento que vale a pena. A produtividade média nos 14,5 mil hectares de soja foi de 69 sacas por hectare na safra 2010/2011. E BEDIN não investe só em equipamentos. "Cedo parte da minha propriedade para pesquisa. Sem isso, não conseguimos obter bons resultados", avalia.

A exemplo de BEDIN, os produtores de Sorriso buscam cada vez mais sementes e defensivos eficientes contra pragas e doenças. “A pesquisa tem sido muito importante nesse sentido”, afirma Laércio Pedro Lenz, presidente do Sindicato Rural de Sorriso. Feito comprovado em números. Conforme Lenz, na década de 1990, a produtividade da soja no município era de 40 a 45 sacas por hectare e, no ano passado, foi de 60 sacas por hectare. Em apenas 20 anos, ganhou-se uma eficiência de 20 sacas por hectare.
“Se Deus é brasileiro, com certeza é sorrisense”, brinca Lenz para explicar como o clima bom – sol e chuva na medida e tempo certos – influencia nos resultados positivos. Aliado aos fatores climáticos, há ainda o investimento em tecnologia de maquinário e de insumos. Com isso, Sorriso obtém uma produtividade média de 8 a 10 sacas por hectare a mais que o restante do Mato Grosso.

Outra aliada dos produtores é a agricultura de precisão, aplicada cada vez mais nas propriedades do município. Isso acontece tanto em maquinário por meio de colheitadeiras com computador de bordo e tratores com piloto automático, como na correção do solo. A partir da análise do solo é feito o equilíbrio entre insumos e defensivos para utilizar somente aquilo que é necessário. “Assim, conseguimos reduzir custos e produzir melhor”, observa Lenz.
“Não tínhamos escolha. Ou buscávamos tecnologia, insumos cada vez melhores e equipamentos de alta performance, ou não seríamos competitivos o suficiente”, observa
Elso Vicente Pozzobon, diretor financeiro e administrativo da Coacen (Cooperativa Agropecuária e Industrial Celeiro do Norte). Com seis anos de atuação e cerca de 130 associados, a Coacen foi criada para agregar os produtores e conseguir melhor preço na compra de insumos, obtendo também maior poder de negociação na hora de comercializar a soja e o milho.

Eficiência na gestão das fazendas
Outra tendência que cresce a cada dia em Sorriso é o profissionalismo na gestão das propriedades rurais. “Na produção nós já somos muito eficientes. Agora, o produtor procura focar cada vez mais em ter o controle total sobre os custos de produção”, afirma Pozzobon. Segundo ele, a maioria já tem escritório na cidade voltado para a gestão das fazendas. “Hoje, já não basta mais apenas colher e plantar. O produtor precisa ser técnico, mecânico, administrador e saber comercializar aquilo que produz”, complementa Lenz, presidente do Sindicato Rural.

“A propriedade rural é uma indústria a céu aberto”, diz Arilton Cesar Riedi, 37 anos, proprietário da fazenda São José, que faz parte da nova geração que está à frente dos negócios com visão estratégica, planejamento e execução possibilitando um sistema de controles mais eficientes e conhecimento sobre os reais custos de produção. Para Riedi, o produtor que investe precisa de segurança, por isso, ele acredita que, em pouco tempo, os agricultores estarão extremamente profissionais em relação à gestão.
Além da melhor administração das fazendas, outro fator diferencia o produtor de Sorriso. Segundo Riedi, os pioneiros sofreram e foram obrigados a aprender com preços baixos, crises e fatores climáticos. “A forma que encontramos foi trocar a produção futura ou presente por insumos. Ou seja, fizemos um hedge natural. Compramos sementes, defensivos, químicos e pagamos com soja e, conseguimos assim, sustentabilidade. Não ficamos suscetíveis às oscilações do mercado e câmbio”.

O produtor de Sorriso, segundo Sadi José Beledelli, diretor presidente do Sicredi (Cooperativa de Crédito Rural Sorriso), também está muito atento ao mercado. “Ele já faz venda futura e acompanha as movimentações da Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos, que baliza o preço internacional da soja”, diz. A cooperativa de crédito conta hoje com 21 mil associados. Em 1990, quando foi criada, eram apenas 28 agricultores que se juntaram para enfrentar as dificuldades de financiamento para o custeio da produção. Um salto que permitiu a cooperativa já não ser somente de crédito rural, mas de livre adesão, o que significa atender a qualquer segmento econômico.
No entanto, cerca de 70% dos créditos são voltados para a atividade rural (custeio de produção e investimento – compra de maquinário, armazéns e correção de solo). Outra linha que cresce a cada dia, é a de ACC (Adiantamento sobre Contrato de Câmbio), que tem como objetivo financiar a fase de produção. “A cooperativa encerrou o ano com um ativo de R$ 500 milhões e, somente com créditos, foram liberados R$ 469,2 milhões em 2011”, afirma Beledelli.

No Banco do Brasil, as linhas mais procuradas são as de custeio agropecuário destinadas às despesas do ciclo produtivo das lavouras de soja, milho, algodão e de pecuária. Para investimentos, a linha FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste) é a mais procurada porque engloba quase todos os empreendimentos agropecuários, como armazenagem, aquisição de gado e máquinas, recuperação de pastagens, reflorestamento etc.
“A previsão do BB para o município de Sorriso é de acompanhar a média do estado do Mato Grosso e ter um crescimento em torno de 22% nas aplicações rurais para safra 11/12”, diz Eloi Medeiros, superintendente estadual Banco do Brasil. A intensa movimentação da cidade resultará na inauguração, em março, de mais uma agência do banco em Sorriso.

Fonte Revista KLFF
Pesquisa da Internet

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