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BEDIN V.I.P.

ANDRÉ BEDIN PIRAJÁ

André BEDIN Pirajá 

Como erradicar a fome sem comida?

Especial para o BSM 10 de Março de 2023 às 16:50

Propostas de reforma tributária e mercado de créditos de carbono servem apenas para encarecer os alimentos e desestimular a produção

André Pirajá
Especial para o BSM

Promessas vazias e sinalizações de virtude são a marca da agenda globalista encabeçada pela ONU, não só para dar cumprimento à Agenda 2030, mas para transformar os “objetivos de desenvolvimento sustentáveis” em um grande paradoxo.

Basta olhar um dos principais objetivos da Agenda — o combate à fome — para entender que as ações tomadas pelos globalistas nos últimos anos somente agravaram as condições de subsistência humana.

De forma exemplificativa, quais os benefícios que a suposta energia limpa trouxe à Europa? Falta de energia! Quais os benefícios que a redução de fertilizantes nitrogenados trouxe à Europa? Falência de propriedades rurais! Quais os benefícios que os pedágios ambientais trouxeram à Europa? Alimentos mais caros!

Todos os objetivos sustentáveis da Agenda 2030 são, em si próprios, os causadores das catástrofes que supostamente tentam conter — ou mitigar. Porém, mesmo vivendo todo esse cenário, grande parte da população parece não enxergar que ao apoiar tais medidas está alimentando o monstro que irá devorá-los no final.

Mas será que isso poderá ocorrer no Brasil?

Estamos à beira do precipício. Pautas como o mercado regulado de carbono e a reforma tributária poderão colocar em xeque a manutenção da nossa segurança alimentar.

Tudo isso é facilmente perceptível quando se lembra que precisamos de 149 dias de trabalhos só para pagar impostos. Não é possível esperar que as propostas atuais, nos moldes apresentados, visam a melhorar as condições de vida e reduzir a burocracia nacional.

Pelas narrativas atuais, a reforma tributária teria a finalidade de corrigir uma suposta injustiça social: a baixa tributação do agro. Na verdade, a falta de compreensão do sistema produtivo, dos riscos e das operações dentro e fora da porteira faz com que a reforma tributária proposta inviabilize parte da produção agrícola no país, além de onerar toda a cesta básica.

De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), tendo como base as duas reformas propostas — Propostas de Emenda à Constituição (PECs) 45 e 110 — o setor agropecuário poderá ser onerado tributariamente em 573%.  Esse incremento tem como foco o setor primeiro/primário, as operações de dentro da porteira!

O curioso é que, enquanto instituições como a CNA e seus asseclas trabalham, ao que parece, exaustivamente para que injustiças não sejam cometidas contra a base da economia nacional — no caso, o agronegócio —, especialmente do ponto de vista tributário, toda sua expertise parece desaparecer quando o assunto é o mercado regulado de carbono.

Ao afirmar[1] que o mercado de carbono é “essencial para que o potencial do setor agropecuário brasileiro seja exercido”, a CNA contraria os princípios básicos adotados na reforma tributária outrora discutida.

Qual é a ideia do Mercado de Carbono? Burocratizar a operação, submetendo todos os produtores à limites de emissões e investimentos obrigatórios. A diferença básica entre os tributos e o mercado de carbono está apenas nos destinatários dos recursos financeiros a serem pagos pelo produtor para se alcançar a justiça social.

Não podemos esquecer que as balizas internacionais são estabelecidas pela ONU. Afinal, somente será possível transacionar internacionalmente os créditos de carbono se houver uniformidade de parâmetros, não é mesmo?

Tudo indica que o mercado de cobrança de carbono — afinal, não será de graça — será oferecido como antídoto ao produtor diante da oneração tributária que se aproxima. No final, todos nós teremos alimentos mais caros, com desestímulo da produção, com um amplo controle internacional da nossa produção. E seremos felizes.

— André BEDIN Pirajá é advogado, produtor rural e fundador do Movimento Produtores Rurais Pela Liberdade  

[1] https://cnabrasil.org.br/storage/arquivos/pdf/proximos_governantes_final.pdf

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