Postagem 072
HISTÓRIA DA ITÁLIA
PARTE DO
LIVRO
HISTÓRIA
ESQUECIDA – A EMIGRAÇÃO
ITALIANA: O MAIOR ÊXODO DE UM
POVO NA HISTÓRIA MODERNA
POVO NA HISTÓRIA MODERNA
Um país antigo e imóvel
castigado por males terríveis
Em 1861 a Itália dava seus primeiros passos. Era uma Itália ainda
pequena, desconexa e pobre.
O jovem Reino acabara de ser proclamado. Roma ainda não era capital.
Cavour, acometido de malária, falecera aos 6 de junho do mesmo ano.
Reinos e grã-ducados diluíam a duras penas suas fronteiras dentro de um
Estado-mais vasto e complexo. Surgiam as primeiras indústrias; as primeiras ferrovias procuravam encurtar as
distâncias entre o Norte e o Sul.
Em 1876, o ministro Minghetti anunciara ao Parlamento que, depois de
durrissímos anos de economia, “finalmente tinha sido alcançado o equilíbrio da
balança”. Para alcançar essa meta, o Estado italiano vendera tudo o que pudera
vender: bens estatais e eclesiásticos, linhas ferroviárias, a Regia dei
Tabacchi. E esmagara o povo com impostos desumanos.
A jovem Itália encontrava-se diante de imensos problemas, dentre os
quais destacavam-se os governantes ainda inexperientes e a própria falta de uma
tradição que sustentasse aquele Estado novo. Muitíssimas eram também, as obras por
fazer: escolas, estradas, hospitais, aquedutos, saneamento. E ainda: harmonizar
sete exércitos, sete línguas, sete moedas, sete regulamentes alfandegários,
sete modos diverso de se ver e se aplicar a justiça...
A malária ainda matava 40.000 pessoas por ano (também Cavour morrera de
malária); a pelagra, 100.000. O cólera,
sòmente entre 1884-87, matara 55.000 pessoas. As estatísticas oficiais falam de
cerca de 400.000 mortos por ano. Metade daquelas cifras era formada por
pequenas cruzes brancas , que
representavam crianças com menos de cinco anos, as quais acabaram nos
cemitérios porque a comida era escassa, a higiene escassíssima o médico, Inalcançável.
Entre os 3.672 mineiros de enxofre sicilianos submetidos a uma
avaliação médica ( nas minas de enxofre
trabalhavam também centenas de rapazes muito jovens), apenas 203 foram declarados
aptos ao serviço militar. O resto era
gente destruída, que devia ser jogada fora.
No momento da unificação, a Itália tinha menos de 400.000 operários .
Havia poucas fábricas; o trabalho era feito, de preferência, em casa, segundo
um antigo costume artesanal que, ainda hoje, está vivo em muitas regiões
italianas.
Roma possuía apenas 180.000 habitantes ; Milão. 240.000; Turim; 200.00,
Gênova, 150.000; Palermo, 180.000. Nápoles, já naquela época extraordinária e
miserável, era segunda cidade da Europa: sua população chegava a 430.000
habitantes.
Em 1864, A Itália era, pois, um país em grande parte agreste, antigo e
imóvel. De aproximadamente 22 milhões de habitantes, pelo menos 16 milhões eram
camponeses, Moviam-se nos campos o gesto lento dos antepassados: tanto na
Sicília quanto no Vêneto, muitos ainda utilizavam um arado muito rudimentar, o
mesmo que Cincinato, 2.000 anos antes, havia utilizado.
A grande massa populacional dos italianos nascia, vivia e morria num
mesmo lugar, à sombra de um mesmo campanário, ligada a pequenos costumes, a tradições ancestrais, a
duras privações, a raras festas
animadas. Numa Europa onde a Inglaterra já havia feito sua revolução industrial
e onde a França e a Alemanha levavam adiante, em etapas aceleradas, a formação
de um aparato industrial, a Itália surgia como “um país de miseráveis
analfabetos”, cuja renda correspondia a uma quarta parte da renda inglesa e a
um terço da francesa. Um país tão forte, tão desprovido de ferro e carvão, que
os franceses se perguntavam, com uma ponta de ironia “ O que quer fazer da
Itália?”
Também no setor agrícola a Itália estava atrasada. Apenas o Piemonte, graças a Cavour,
havia-se aproximado do nível europeu: as novas classes empreendedoras eram o verdadeiro protagonista do desenvolvimento
econômico da região. Na planície do Rio Pó,do mesmo modo, despontava, aqui e
ali, capitalismo agrário evoluído. As empresas agrícolas estavam nas
mãos de grandes locatários que as conduziam através do plantio de arroz e de
pastagens, integrando-as com a criação de animais e com produção de derivados
do leite. Serão estes arrendatários que transformarão em empreendedores: serão
eles a constituir na Itália, as primeiras fábricas. A transformação do
arrendatário da planície do Pó em empreendedor marca o nascimento do
capitalismo italiano e a entrada da Itália na era industrial.
No entanto, também na Lombardia
havia muita miséria. No campo, ao lado dos cavallanti (aqueles que
conduziam os bois), dos fattutto (disponíveis para qualquer trabalho), dos omen
de fer (ceifeiros), moviam-se muitos gionalieri.Estes últimos – está escrito
num documentos – “dispõem de um salário mesquinho, de uma comida miserável e de
uma acomodação, esquálida. Trazem estampada a pobreza nas face franzinas e provocam arrepios nas almas bem-nascidas”.
Estes gionalieri encontrava-se às portas de Milão, a rica, culta e benéfica
capital lombarda. E era os mais pobres agricultores da Lombardia.
Igualmente na Itália central, sobretudo na Toscana, o panorama agrícola
apresentava elementos positivos. Prevalecia a parceria agrícola, à qual os
proprietários de terra haviam-se mantido fieis por razões predominantemente sociais. A parceria, de
fato, condenava à imobilidade, mas, ao mesmo tempo, assegurava a tranquilidade
num momento no qual os agricultores começavam a se rebelar. Contrariamente à
Lombardia, a Toscana não assistirá à passagem do senhor de terras ao senhor de
chaminés.
Não precisamos inventar nada
para descrever a vida dos italianos naqueles anos difíceis. Temos de
fato, à disposição, uma impressionante Inchiesta agrária, a primeira solicitada
pelo jovem Parlamento italiano. Sete
anos de trabalho custou essa pesquisa, cuja documentação está reunida em 15 volumes,
que chegaram às mãos dos italiano exatamente naqueles anos, de 1881 1886. O
inquérito, dirigido por Jacini (um católico moderado, várias vezes ministro,
que se fez conde por ter se empenhado na realização do túnel do Simplon),
oferece-nos um retrato preciso, região a região, das condições de vida da maior parte dos italianos.
Uma vida austera, de necessidades, em que o dinheiro para remédios
falta e as roupas exibem sucessivos remendos ,em que doentes são estendidos na
manjedoura e o porco cresce em casa como membro da família. Vender os filhos é
um hábito bastante difuso, tanto no
Norte como no Sul. Em Altamura, na região da Puglia, todos os anos, na ocasião
de Ferragosto, os meninos são colocados à venda em praça pública, como se
fossem uma mercadoria qualquer.
Centenas de ,milhares de italianos vivem ainda em grutas ou em cabanas
sem janelas, feitas de ramos e
barro.Dezenas de milhares de famílias vivem ainda em condições alucinantes nos
úmidos bassi de Nápoles, nos sassi de Matera escavados na rocha, nos bairros
operários das cidades. Segundo dados de 1879, há nesses locais, frequentemente,
uma densidade populacional de dez pessoas por cômodo.
“Na mesa do componês setentrional, - lê-se num relatório – a carne aparece
não mais do que uma vez por mês; nas tarimbas dos cavoni do sul, não mais de
uma vez por ano. Os camponeses do Norte alimentam-se exclusivamente de milho porque custa menos e sacia mais. Os
trabalhadores rurais da Puglia comem quase exclusivamente pão preto de cevada,
preparado duas ou três vezes por ano.”
E, no entanto, também sobre este pedaço de pão, escasso e duro como
pedra, havia sido imposto uma taxa, a famigerada tassa sul macinato. Por causa dessa taxa, nasceram
sanguinosas revoltas na Sicília e ao longo do Rio Pó.
Em fevereiro de 1874, em Nápoles , um trabalhador rural que se preparava para embarcar num navio foi maltratado por um funcionário.
Irritado , o homem pegou da sacola de
viagem a primeira coisa que foi parar em
suas mãos e arremessou-a com força contra a guarda. Era um pedaço de pão
preto.O homem foi preso e condenado a dois meses de cárcere. Havia ofendido um
oficial público.
Nota do administrador
do blog: Embora esta postagem não tenha diretamente nada haver com os
Bedin’s , indiretamente tem muito a haver, pois a maioria de nós descende de
algum imigrante que veio da Itália. E esta postagem mostra bem como viviam os
nossos ascendentes, para os quais devemos em nossas orações lembrar deles, pois
com os seus esforços e dos que vieram posteriormente hoje a família BEDIN pelo conhecimento
que temos, vivi melhor em todos os
lugares do mundo.
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