BEDIN V.I.P.
ROSANGELE CALLIARI BEDIN
Rosangele BEDIN
Professora arrecada tampas plásticas para ajudar na defesa de animais em Caxias do Sul; ela já conseguiu R$ 150 mil
Conheça a história do projeto Engenharia Solidária. Valores arrecadados são usados para comprar ração para 300 animais vítimas de maus-tratos
22/02/2019 - 10h00minAtualizada em 22/02/2019 - 13h01min
Aline Custódio
PRODUÇÃO E TEXTO
Camila Domingues - Fotos
IMAGENS
Espalhadas pela casa da engenheira química e professora universitária Rejane Rech, 56 anos, as dezenas de estátuas de diferentes tamanhos de São Francisco de Assis recebidas de presente sinalizam a paixão dela pela causa animal. Há três anos, Rejane se dedica ao Engenharia Solidária, um projeto que recicla e revende tampas plásticas para comprar ração com o dinheiro arrecadado. O alimento é repassado a duas ONGs e a 25 protetores independentes, responsáveis por cuidar de mais de 300 animais vítimas de maus-tratos em Caxias do Sul, na serra gaúcha.
Camila Domingues / Agencia RBS
Rejane criou projeto para ajudar animais à espera de adoçãoCamila Domingues / Agencia RBS
Mas a visibilidade definitiva veio quando o Engenharia Solidária estava prestes a completar um ano de funcionamento. Sem sede própria, o projeto ganhou da UCS três salas de 10 metros quadrados cada para abrigar o material da reciclagem. Na mesma época, o Sindicato das Indústrias de Material Plástico, em parceria com a prefeitura de Caxias, realizou uma gincana nas escolas para arrecadar tampinhas e repassá-las à entidade. O sindicato ainda doou ao projeto 70 coletores de tampas, recipientes demarcados para reunir os objetos, que foram distribuídos no comércio local. A ação mobilizou a cidade. Outras 300 caixas foram entregues pela JP Embalagens e espalhadas por vários bairros. A empresa, até hoje, cede coletores, feitos de papelão. Desde então, a arrecadação, assim como o número de voluntários do Engenharia Solidária, só aumentaram.
— As doações cresceram e pudemos ampliar nossa rede de ajuda. Passamos a fornecer aos cuidadores independentes, aquelas pessoas que recolhem e mantêm muitos animais em casa. Na maioria das vezes, são pessoas humildes, que amam os animais mas que não têm apoio para poder alimentá-los adequadamente — explica Rejane.
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Salas erguidas pela UCS para o trabalho dos voluntáriosCamila Domingues / Agencia RBS
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Tampinhas viram dinheiroCamila Domingues / Agencia RBS
Para Rejane, o que cativa as pessoas é a possibilidade de ajudar. Muitos, ela percebe, têm o desejo de contribuir com a causa, mas não têm condições financeiras ou tempo disponível. Nesses casos, separar as tampas plásticas os faz se sentirem úteis. Orgulhosa, reforça que a mobilização atinge todas as classes sociais. Um exemplo são as mensagens enviadas por ex-alunos, hoje empresários bem-sucedidos, quando avisam terem recolhido as tampas inclusive durante viagens de negócios.
— Quando começamos a arrecadar tampinhas, percebemos o lixo que nós produzimos. Hoje, nós já passamos das 80 toneladas de tampas que foram retiradas do meio ambiente diretamente para a reciclagem. Isso rendeu, da metade de 2015 até agora, R$ 150 mil para o projeto — destaca.
Professora há três décadas na UCS, Rejane trabalha em uma sala em frente às três peças nas quais são separadas as tampas. Da janela, controla a entrada e a saída dos voluntários. Para flexibilizar os horários, cada um recebe as próprias chaves. Há quem frequente o local duas horas por semana. E há os assíduos, que passam por lá todas as tardes. Os novos recebem um treinamento sobre triagem antes do primeiro dia de trabalho. Por ser um ambiente estreito, apenas três pessoas podem trabalhar juntas por vez no mesmo espaço.
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Salas ficam lotadas de doações de tampinhasCamila Domingues / Agencia RBS
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Escritório improvisado do grupo é exemplo de organizaçãoCamila Domingues / Agencia RBS
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Rejane acredita ter uma missãoCamila Domingues / Agencia RBS
Se não está envolvida com a reciclagem ou com a universidade, Rejane dedica tempo aos três cães apadrinhados em lares temporários e aos cinco adotados nas entidades para as quais destina a ração comprada. Além de Cabrita, Rejane tem em casa Joaquim, um vira-latas de seis anos que tem medo de crianças devido aos maus tratos sofridos, Valente, que perdeu a pata traseira direita, Fumaça, resgatada depois de ficar dias presa a uma corrente curta e sem comida, e Flor, atropelada ainda filhote ao ser abandonada na estrada pelo ex-dono
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Voluntários trabalham por turnoCamila Domingues / Agencia RBS
Mãe de dois filhos, a designer Roberta e o engenheiro de produção Roberto, Rejane já mantinha a venda online de livros universitários para contribuir com entidades protetoras de animais. Mas está convicta de ter dado um novo sentido à vida ao criar o Engenharia Solidária. Ela chora ao ressaltar o projeto como o seu verdadeiro legado, e não se imagina distante dele. Pelo contrário, quer seguir sendo exemplo para a família, os amigos e os alunos, demonstrando que sempre haverá um tempo livre para dedicar-se a uma causa social.
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Cães agradecem a ajudaCamila Domingues / Agencia RBS
"Me sinto mais útil"
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Rosangele Bedin Camila Domingues / Agencia RBS
— O projeto é muito gratificante porque conseguimos ajudar muito a causa animal. Me sinto mais útil desde que comecei a fazer parte do Engenharia Solidária. E a Rejane nos motiva. É uma pessoa muito disponível e engajada, que não para um minuto. É um exemplo de vida.
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A professora é considerada um exemplo de vidaCamila Domingues / Agencia RBS
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