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FAMÍLIA BEDIN
FREI GIUSEPPE BEDIN
Jornal A Notícia
29 de abril de 2016 ·
“Giuseppina e Vello Francesco”
Nos idos dos anos 50, Frei Giuseppe BEDIN, Frei Paulo Kolgemann e Frei Tiziano Ballarin dirigiam nossa Paróquia, que havia sido agraciada com nossa igreja sendo elevada de Matriz à Santuário. Entusiasmado com Carmo da Mata, Frei BEDIN providenciou a vinda de seu irmão Bruno BEDIN para residir em nossa cidade. Tempos depois, decidiu trazer toda a família, seus pais, irmãos e cunhados. Eram camponeses e passaram a residir em uma fazenda, próxima ao Campo de Sementes e das irmãs “Manícas”.
Deram uma bela lição aos brasileiros de como deviam cultivar a terra! Na falta de bois, Bruno puxava o arado atado em seu peito! Era uma família trabalhadora, alegres, cantavam, bebiam vinho e comiam queijos!
Dentre os familiares, veio uma bela jovem, irmã caçula dos irmãos BEDIN, chamava-se Giuseppina. Tinha olhos claros e um olhar perdido no tempo... Algo tinha ficado para trás... E na realidade era seu namorado, Vello Francesco (Tony), que lá da longínqua Itália derramava lágrimas de saudades!
A separação repentina magoou dois jovens corações apaixonados! Não resistindo à saudade, Tony venceu todos os obstáculos e veio para o Brasil e Carmo da Mata, em busca da mulher amada!
Para entrar em nosso país era necessário provar que tinha uma profissão. Tony veio como sapateiro. Frei BEDIN procurou meu pai, Gino, para que o apaixonado imigrante trabalhasse em sua fábrica de calçados.
Enquanto isso, o jovem casal, ainda incrédulo, matava as saudades! A bela Giuseppina, sob os olhares enérgicos dos pais italianos e do irmão sacerdote, vivia na fazenda e Tony morava na cidade, no casarão alugado pela família italiana, onde era a residência do alfaiate e músico João Rabelo.
Tony tinha boa aparência, gostava de música, futebol, cinema, e isso começou a despertar os olhares de nossas jovens. A bela Giuseppina começava a arranjar concorrentes... Mas o amor que os unia era mais forte!
Foram tempos maravilhosos em nossa cidade e esta família muito contribuiu para isto! O velho Giuseppe chamava a atenção do povo por andar de bicicleta em idade avançada. Além disso, conheceu e gostou de nossa cachaça. A velha Joana (Giovana) fabricava os queijos, as massas e era uma grande bebedora de vinho!
Mas, apesar de tudo isso, a saudade falou mais alto e o casal de velhos manifestou vontade de retornar à Itália. E a previsão de meu pai, Gino, deu certo, pois ele dizia que trazer para cá um casal de velhos já enraizados na Itália, deixando lá seus costumes, seus compadres e amigos, sem dúvida, era uma violência!
Frei BEDINos repatriou ficando entre nós seu irmão Bruno, que havia casado com a Sra. Neusa e aqui adquiriu família, e o apaixonado italianinho Tony, que novamente teve o coração dilacerado pela segunda separação. Triste, ele disse ao meu pai: “Sô Gino, vou mudar para Belo Horizonte para ganhar dinheiro e voltar para minha amada Itália”. E assim fez. Porém a cidade grande mudou sua personalidade, as belas morenas brasileiras o seduziram, novos amigos, novas idéias e a distância desta vez venceu o amor!
Tony demorou para voltar à Itália e a bela Giuseppina não o esperou mais. Casou-se com um italiano e foi morar na Canadá. Tony, ciente disso, entristeceu-se, e, para combater esta tristeza, mergulhou-se no trabalho e dizia: “Vou ficar rico e voltar para a Itália como um vencedor”.
Mas apesar de todos os recursos da medicina, a bela Giuseppina faleceu de parto no Canadá. Mais uma vez a tristeza tomou conta de Tony. As dúvidas certamente o atormentavam ... “Até onde eu acertei, até onde eu errei?”
E finalmente Tony retorna a Itália, e em Venegazzù, cidade dos personagens desta história, Frei BEDIN que lá estava à passeio, o encontrou e com toda aquela sabedoria e vivência, o confortou e o orientou dizendo: “Nova vida, sem complexo de culpa e muitas orações. Desta história você poderá tirar algum proveito para compensar os erros e os acertos”.
Como nos filmes e novelas... anos depois, Tony tornou-se um grande fabricante de botas para esquiar, com toda a produção destinada aos Estados Unidos! Ficou realmente rico! Casou-se, adquiriu família, mas, segundo o que me confidenciou o Padre BEDIN, toda vez que Tony ia chamar sua esposa, dizia: “Giuseppina”. E ele se desculpava dizendo: “Me perdoe, mas este nome não me sai da mente...
Obs: Esta história de amor é verídica, iniciou na Itália, passou por Carmo da Mata, Belo Horizonte e teve seu final, novamente, na Itália. “A arte imita a vida!”
Pesquisa:Internet
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