9 de setembro de 2023


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BEDIN V.I.P.

MARIA CAMILA BEDIN POLLI

 

 Maria Camila BEDIN Polli

O ensino de línguas para fins específicos e a formação de professores

PUBLICADO EL 18 octubre, 2021
Maria Camila BEDIN Polli
(Faculdade de Tecnologia – FATEC-SP)
milabedinpolli@gmail.com


Ensinar uma língua, seja o espanhol, o inglês, o francês, o português entre tantas outras, com propósitos específicos requer bastante preparo por parte dos docentes que se espraiam por esse cenário. Porém, ao nos depararmos com nossa formação em Letras e com nossos estudos pós-graduados, notamos uma lacuna no que tange aos estudos sobre Elfe – ensino de línguas para fins específicos. Isso evidencia que, em nenhum desses momentos formativos obtivemos a necessária preparação para atuarmos nesse contexto.


Entretanto, muitos de nós atuamos em segmentos de ensino que requerem esse preparo. A título de informação, podemos citar os ensinos superior tecnológico e o médio técnico, oferecidos no Brasil nas Faculdades de Tecnologia (Fatec) do estado de São Paulo, nas Escolas Técnicas (Etec), bem como nos Institutos Federais (IF). Um professor de línguas que atue nesses âmbitos, necessita atualizar-se, buscando contato simultâneo com a ciência relevante produzida na área cerne, […] a qual se concretiza na leitura de livros e artigos científicos, na frequência a cursos formativos, na participação em eventos e palestras nos quais o professor tem a chance de dialogar com o pensar científico corrente da área (ALMEIDA FILHO, 2004, p.11). Essa visão que remete à importância do contato com a ciência é imprescindível para todos os docentes, pois é o que lhes permite estabelecer uma conversa com os preceitos científicos atuais (BEDIN, 2017).


Uma vez que essas lacunas em nossa formação são notáveis e recorrentes, quais seriam os motivos prováveis?
No que se referem aos cursos de Licenciatura em Letras, tal hiato instaura-se na escassez do oferecimento de disciplinas que versem sobre Línguas para fins específicos – LinFE, bem como de discussões sobre o tema no âmbito, por exemplo, da disciplina de Metodologia de Ensino de Línguas, além de diversos outros momentos, em que as reflexões sobre esse assunto podem e devem vir à tona, tal como nas “Semanas de Letras” promovidas pelas universidades.



Em relação aos programas de pós-graduação (stricto sensu) no Brasil, ressaltamos a carência de linhas de pesquisa que contemplem temas atinentes ao Elfe. Além desses contextos, destacamos, ademais, a insuficiência de programas de formação continuada, quais sejam os cursos de pós-graduação (lato sensu), minicursos, disciplinas oferecidas em cursos de atualização para professores e até mesmo eventos sobre LinFE (congressos, encontros, simpósios, palestras, conferências, comunicações etc.). A formação continuada pode acontecer, também, por meio da participação em grupos de estudo e/ou de pesquisa que promovam leituras, discussões e investigações sobre o assunto (BEDIN, 2017).


Diante desse cenário, como traçar caminhos possíveis? Aos docentes, buscarem, sempre, a atualização pertinente no que concerne ao Elfe. Aos cursos de graduação em Letras, refletirem a respeito da necessidade de discussões sobre esse ensino, bem como sobre a possibilidade de incluírem uma disciplina que verse sobre o assunto em suas grades curriculares. Aos programas de pós-graduação, para que haja oferta de linhas de pesquisas que abordem essa temática, para que possamos ser contemplados com novas pesquisas nessa área no Brasil. Sabemos que algumas instituições de ensino superior promovem ações importantes nesse sentido, porém, ainda assim, são poucas as oportunidades trilhadas nesse caminho élfico.


Como reflexão final, deixo-lhes uma citação bastante pertinente e atualíssima, uma vez que devemos considerar que formamos professores para as diversas realidades brasileiras: “[…] para pensarmos em política de formação de professores é imprescindível que se estabeleça uma clara e consistente política de ensino de línguas estrangeiras. A meu ver, só podemos definir o perfil dos professores que desejamos – e precisamos – se antes soubermos o que se espera deles” (ERES FERNÁNDEZ, 2013, p. 140).

*Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo – USP e mestre em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. É licenciada em Letras-Português, pela PUC de Campinas e em Letras-Espanhol, pela Faculdade de Americana. Atua como docente das disciplinas de Espanhol nas Fatec de Americana e Campinas e coordenou os Projetos da área de Espanhol, no Centro Paula Souza, durante cinco anos. É certificada pela Harvard University, em Leaders of Learning.


Pesquisa:Internet


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