BEDIN V.I.P.
Falta de infraestrutura afeta o escoamento de grãos no MT
Apesar dos altos preços obtidos pelos produtores brasileiros com a venda de grãos como o milho e a soja, o transporte e a armazenagem ainda são os grandes vilões para a rentabilidade e a competitividade do agricultor brasileiro. Neste cenário, a Região Centro-Oeste é a mais afetada com a falta de armazéns, de caminhões e as altas tarifas, já que depende quase que exclusivamente do modal rodoviário. Um quadro que se repete em todas as safras.
O Brasil deve produzir nesta safra 2010/2011 cerca de 124 milhões de toneladas de soja e milho, e os produtores de Mato Grosso (um dos maiores produtores desses grãos) estão preocupados com o escoamento dessa safra. Segundo Carlos Favaro, diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), após o inicio das colheitas da soja no estado, este mês, os produtores já encontraram problemas na hora de escoar suas produções, isso por conta da falta de caminhões e pelo custo do transporte. "Com o começo da colheita, a oferta por transporte diminuiu muito, já o custo de aumentou. O nosso estado sofre muito com a logística", disse ele.
O produtor de soja da cidade de Sorriso, no Mato Grosso, Argino BEDIN, conta que os problemas se agravam a cada ano, e o volume de caminhões nas estradas é assustador. Ele disse que fora a época de safra, os preços com o transporte variam entre R$ 140 e R$ 160, e durante a colheita os valores ultrapassam a casa dos R$ 210 a tonelada de soja. "Nesse período, além da dificuldade de encontrar transporte, e pagar mais caro por isso, os preços dos grãos caem por conta das altas ofertas, e isso é perigoso. Então, temos que monitorar para não perder dinheiro", contou. BEDIN afirmou que a distancia entre os produtores e os portos do País, aliada a falta de outros modais de transporte, como hidrovias e ferrovias, diminui bastante a competitividade de venda do maior estado produtor de soja do Brasil.
"Pela distancia que ficamos dos portos, normalmente o preço que pagamos para transportar nossa soja já limita nossa competitividade. Se colocarmos nessa conta as perdas de mercadorias causadas pelo transporte de caminhão em estradas ruins, a rentabilidade que teríamos por conta dos preços mais aquecidos do grão diminui ainda mais", garantiu o produtor.
Segundo Neuto Gonçalves dos Reis, coordenador técnico da Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística (NTC&Logística), muitos especialistas apontam a criação de ferrovias como a melhor solução logística a médio prazo. Entretanto as poucas linhas férreas que chegam ao centro-oeste, cobram valores ainda mais altos que o transporte rodoviário. "A ferrovia também está tirando proveito dessa alta demanda por alimentos. Muitas empresas reclamaram que os preços para transportar grãos por ferrovias aumentaram muito. Além disso, os ferroviários estão fechando mais contratos do que conseguem carregar, estocam a soja em seus terminais e demoram para transportar", frisou ele. Neuto acredita que mais de 70% da produção de grãos de Mato Grosso seja transportado por rodovias, dado ao desinteresse do setor ferroviário nesse produto que agrega pouco valor, e ao fato das grandes ferrovias interligadas a portos ainda não tenha chegado aos polos de produção agrícola. "As ferrovias estão muito centradas no transporte de minérios, deixando o transporte de produtos agrícolas ainda em volumes pequenos."
Já o diretor executivo da Associação dos Transportadores de Carga do Mato Grosso, Miguel Antonio Mendes, atribui os gargalos no escoamento de grãos, não só à falta de intermodalidade, e condições precárias das estradas, mas também à falta de armazéns para estocar os produtos. "A falta de armazéns gera um grande volume de grãos a serem transportados em época de safra. Se o estado tivesse uma infraestrutura de armazéns maior, o produtor não ficaria refém dos preços de transporte como está hoje." Mendes contou que apenas 8 milhões de toneladas de grãos do Mato Grosso, são transportados por ferrovias atualmente. "Além disso, são realizados contratos aquém da capacidade de transporte, e isso tem ocasionado gargalo no pico da safra", finalizou.
Por DCI – SP
Pesquisa: Internet
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