Postagem 670

BEDIN V.I.P.

ARGINO BEDIN

Produtor já vende em Bolsa e a múltis para travar os preços

Em busca de juros menores e crédito fora do País, os produtores brasileiros estão cada vez mais estimulados para fecharem vendas antecipadas junto a importadores e grandes grupos internacionais fixados no Brasil. Argino Bedin, tradicional produtor de soja do Mato Grosso, é um dos que negociam diretamente com grandes multinacionais, vendendo antecipadamente a soja em troca de fertilizantes.

"Pelo menos uma parte da produção eu vendo antecipadamente todos os anos, tenho comprometimento de venda de soja em troca de fertilizantes. Negocio direto com as empresas", diz Bedin, dono de uma propriedade de 10 mil hectares de soja plantada no Município de Sorriso. Ele acredita que em seu estado cerca de 70% da produção já esteja com vendas efetuadas.

A venda direta a grandes empresas já é uma prática antiga entre os produtores de algodão, que hoje estão com 80% da safra vendida, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). De acordo com o produtor e presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), João Carlos Jacobsen, "esta é a melhor forma de captar recursos no exterior, alavancando crédito fora do país a juros menores. Nós investimos pesado trazendo para cá clientes que não tinham instalações no Brasil, tanto tradings quanto indústrias, e esse foi o fator decisivo na construção desse mercado, mostramos o que produzíamos, nossa infra-estrutura e a credibilidade que tínhamos com a indústria nacional", completa.

O que começou como uma forma de balizar os preços no mercado interno se tornou a principal forma de negociação entre os cotonicultores que no passado tinham dificuldade de efetuar vendas no mercado interno, que estava sempre com preços abaixo dos da Bolsa de Nova York. "Hoje a indústria nacional também vem comprando um volume significativo antecipadamente", ressalta Jacobsen.

A movimentação global do mercado financeiro está proporcionando uma corrida na busca por vendas antecipadas de commodities agrícolas. O perigo de uma recessão nos Estados Unidos e a preocupação com uma crise em níveis mundiais estimula os produtores a buscarem ferramentas de gestão de risco como os derivativos. Os pecuaristas são o grande destaque. De acordo com a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) houve um salto de 393,2 mil para 940,6 mil contratos de boi, mais que o dobro.

Por outro lado, a alta dos produtos agropecuários está atraindo cada vez mais grupos de investidores. "A maior oscilação dos preços dos bois atraiu grandes grupos de investimento. Grandes frigoríficos acordaram para essa questão do mercado e eles negociam um volume muito grande", diz Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria. No total, a BM&F anunciou um incremento de 64% no volume de contratos agropecuários em 2007. Foram 2,2 milhões, ante 1,3 milhão do ano anterior.

Com a forte valorização nos preços da soja, os estados do Mato Grosso e Bahia já registram cerca de 60% da produção vendida, segundo o Cepea. No Mato Grosso do Sul esse volume também é significativo e já atinge 40%. De acordo com o estudo, a receita gerada com as vendas será importante para cobrir despesas de insumos da safra corrente. Por conta da restrição de crédito, produtores têm dificuldade em acessar recursos para comprar insumos.

"Com a euforia das Bolsas e a crise do setor imobiliário, produtores estão atrás de tradings e cooperativas para travar preço para pagar dívidas de março e abril", explica o pesquisador do Cepea, Lucílio Alves. O pesquisador acredita que essa tendência deverá ser minimizada nos próximos dias em função da tendência altista das commodities que deve fazer com que o produtor espere o momento de colheita para seguir nas negociações. "O mercado já está parando de operar em função de mercados não agrícolas", avalia. Em 2007, a BM&F registrou um incremento de 116,3% nos contratos futuros do boi gordo, que pela segunda vez superaram as vendas de café, que por sua vez teve alta de 44%. Soja e milho tiveram um aumento de 100% e 50,8%, respectivamente.
Source: ampa

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