31 de agosto de 2022

 

 Postagem 4.194

BEDIN V.I.P.

PROF.DR.VALCINIR BEDIN 

 

 Prof. Dr. Valcinir Bedin, MD, MSc, Phd, PD
Formação
Médico pela Universidade de São Paulo –USP –Brasil
Mestre em Medicina pela Universidade de Campinas – UNCAMP –Brasil
Doutor em Medicina pela Universidade de Campinas – UNICAMP – Brasil
Pós Doutorado em Educação – Florida Christian University – FCU – EUA

Tricologia
Cabelos e fotoproteção natural

Março/Abril 2019
Valcinir BEDIN
colunistas@tecnopress-editora.com.br


O aumento da incidência de câncer de pele atribuível à exposição excessiva ao sol tornou-se um grande problema de saúde em todo o mundo. Embora numerosos estudos tenham analisado o efeito de protetores solares, roupas e antioxidantes, nenhum mediu o efeito fotoprotetor dos cabelos, apesar das evidências clínicas de que indivíduos com calvície ou queda de cabelo apresentam maior risco de lesões cutâneas que podem evoluir para câncer - daí a recomendação de usar chapéus ou guarda-chuvas.

Um trabalho feito na Faculdade de Medicina de Málaga, na Espanha, analisou o nível de proteção oferecido pelos cabelos de acordo com sua densidade, espessura e cor, utilizando a transmissão espectral e corrigidos para a eficácia relativa do eritema. Os resultados mostram que o cabelo fornece uma barreira contra a radiação UVB e UVA, que é signifi cativamente aumentada em relação à densidade do cabelo, espessura e presença de melanina. Este é o primeiro estudo a quantificar o fator de proteção solar oferecido pelo cabelo, chamado fator de proteção ultravioleta do cabelo (HUPF). Acredita-se que o cabelo deva ser reconhecido como uma importante barreira solar natural na prevenção de câncer de pele induzido por UV.

Para analisar a eficiência fotoprotetora de acordo com a cor e a densidade do cabelo, utilizaram um simulador solar Oriel 300 W (Newport Corporation, Irvine CA, EUA) e um espectrorradiômetro monocromador duplo Macam SR-9910-V7 (Irradian Co., UK) para medir a luz transmitida através do cabelo. O espectrorradiômetro foi equipado com um sensor de esfera de Ulbricht colocado diretamente sob o cabelo, para garantir a medição uniforme da radiação direta e difusa. Tanto o simulador solar quanto a esfera foram fixados para fazer medições comparáveis.

O HUPF foi estimado utilizando a transmitância de cada grupo de cabelo, em diferentes comprimentos de onda entre 290 e 400 nm, corrigidos para a efetividade relativa do eritema, baseado no espectro de ação do eritema proposto pela Comissão Internacional da Iluminação (International Commission on Illumination).

Em resumo, para cada comprimento de onda, a irradiância espectral foi multiplicada pela eficácia espectral relativa do eritema e pelo valor de transmitância do cabelo.

Os valores de transmitância estimados para cada um dos comprimentos de onda UV mostraram que o cabelo analisou a radiação atenuada em todo o espectro de UV, que é diferente dependendo da cor do cabelo. A luz transmitida através do cabelo castanho e vermelho mostrou um aumento ligeiro, mas não estatisticamente signifi cativo, na transmitância ao longo de todo o espectro UV, com diferença de transmitância entre 290 e 400 nm inferior a 5%, assim concluído como transmitância espectral UV homogênea. No entanto, os pelos loiros e brancos produziram uma elevação gradual (mas significativa) de transmitância, especialmente em cabelos brancos, até 60% em 400 nm em comparação com 290 nm.

Podemos inferir deste estudo que a cor dos pelos, seja ela natural ou artificial, tem importância na capacidade de proteção da pele.

Semelhante ao resto da pele, o cabelo é exposto a fatores ambientais nocivos. Enquanto a radiação ultravioleta (UV) e o tabagismo são bem estudados como os principais fatores que contribuem para o envelhecimento extrínseco da pele, seus efeitos sobre a condição do cabelo só recentemente atraíram a atenção da comunidade médica.

Os dois efeitos crônicos mais importantes das radiações UV na pele e no couro cabeludo calvo são a fotocarcinogênese e a elastose solar; no entanto, os efeitos da UV no cabelo foram amplamente ignorados. Como consequência do aumento do tempo de lazer e da crescente popularidade das atividades ao ar livre e das férias ao sol, a consciência da proteção solar da pele tornou-se importante e também deve ser aplicada aos cabelos.

Além de ser a causa mais evitável de significativa morbidade cardiovascular e pulmonar e uma importante causa de morte, a associação do tabagismo com vários efeitos adversos na pele e no cabelo também foi reconhecida.

Finalmente, a quantidade e a qualidade dos cabelos estão intimamente relacionadas ao estado nutricional do indivíduo. Em casos de desnutrição proteica e calórica, bem como deficiências essenciais de aminoácidos, oligoelementos e vitaminas, o crescimento do cabelo e a pigmentação podem ser prejudicados.

O que podemos depreender destes estudos é que, apesar de aparentemente os cabelos não terem uma função fisiológica vital para a vida dos seres humanos, além da aparência, eles devem ser vistos e tratados como agentes protetores e merecem todos os cuidados necessários para executar mais esta tarefa.


Pesquisa:Internet

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