Postagem 4.186
BEDIN V.I.P.
PROF.DR. VALCINIR BEDIN
Prof. Dr. Valcinir Bedin, MD, MSc, Phd, PD
Formação
Médico pela Universidade de São Paulo –USP –Brasil
Mestre em Medicina pela Universidade de Campinas – UNCAMP –Brasil
Doutor em Medicina pela Universidade de Campinas – UNICAMP – Brasil
Pós Doutorado em Educação – Florida Christian University – FCU – EUA
Tricologia
Colorir ou não colorir, eis a questão!
Julho/Agosto 2018
Valcinir BEDIN
colunistas@tecnopress-editora.com.br
A canície (nome científico dado ao embranquecimento dos fios) é mediada por vários fatores, sendo o genético o mais preponderante. Grosso modo podemos dizer que os brancos caucasianos começam a apresentar fios brancos entre os 35 e 45 anos. Os amarelos entre os 45 e 55 e os negros após os 55. Claro que isso depende de fatores pessoais e familiares, sendo que, em algumas famílias esse evento ocorre bem mais cedo.
Uma informação interessante é como esse processo se manifesta. Nos homens a sequencia é primeiro barba e bigode, depois lateral da cabeça seguida pela cabeça toda, região torácica e, finalmente a região pubiana. Nas mulheres, primeiro temos os cabelos e depois a região pubiana - vale lembrar que existem produtos específicos para colorir essa última região.
Sabe-se que na antiguidade, persas, hebreus, gregos e romanos, assim como chineses e hindus já utilizavam tinturas capilares de origem vegetal ou mineral. No entanto, um crescimento exponencial do comércio da coloração surgiu apenas após o desenvolvimento da química orgânica sintética e seu atrelamento à estética no final do século XIX - crescimento esse que rendeu ao século XX o título de “século das tinturas”.
A partir da terceira dinastia faraônica, os egípcios utilizavam um extrato de Lawsonia ineris (henna) em água quente para conferir ao cabelo um tom avermelhado. A henna misturada à Indigofera tinctoria (índigo) atribuía aos fi os um tom escuro. Henna, camomila e índigo formam tintas de origem vegetal que são utilizadas até hoje.
Os romanos aplicavam uma solução aquosa oxidante de acetato de chumbo ao pentear os cabelos diariamente, garantindo tons escuros que mascaravam o cinza. Galegos e saxões, por sua vez, usavam cores vibrantes para marcar status e intimidar inimigos no campo de batalha.
Os cabelos ruivos surgiram pela primeira vez como resultado de uma mutação genética na Idade das Trevas. Até o reino de Elizabeth I, os ruivos eram perseguidos por suspeita de bruxaria, e, por isso, muitos tingiam os cabelos de tons escuros.
O peróxido de hidrogênio, em solução aquosa a água oxigenada, foi mencionado inicialmente pelo químico francês L. Thénard. O composto passou a ser utilizado para descolorir os cabelos a partir de 1879.
Em busca da cura para a malária, W. Perkin, químico inglês, acidentalmente criou a primeira tinta sintética, de cor malva. Seu professor, A. Hoffman, derivou dessa cor o p-fenilenodiamino, que até hoje serve como base para muitas tinturas capilares permanentes.
Em 1880 a primeira patente mundial para coloração de cabelos foi concedida ao alemão E. Erdmann, que adicionou diaminas e aminofenois à base oxidante de p-fenilenodiamino. Nos 30 anos seguintes, mais de 150 outros compostos foram usados como variantes em 75 outras patentes.
A primeira tintura capilar segura foi desenvolvida com base no p-fenilenodiamino por E. Schueller, químico francês, que a chamou de Aureole. No ano seguinte, Schueller renomeou a tinta e criou uma empresa de mesmo nome: L’Oréal.
G. Boudou, renomado cabeleireiro de Paris, lançou a primeira linha de coloração, Inecto, com 11 cores.
Avanços no ramo da síntese orgânica permitiram o desenvolvimento mais padronizado de novas cores, com várias nuances elaboradas para reforçar os tons naturais do cabelo e encobrir os cabelos brancos. A primeira tinta de clareamento sem descoloração foi lançada pela empresa Clairol, oferecendo uma alternativa aos danos do peróxido de hidrogênio e amônia. A coloração em casa tornou-se um grande sucesso entre mulheres, que na época preferiam não divulgar que tingiam os cabelos.
Os punks ingleses da década de 70 impulsionaram o uso da tintura como expressão de estilo e subsequentemente a aceitação pública de colorações mais arrojadas. Colorantes passaram também a exercer função de tratamento do cabelo com adição de hidratantes e condicionadores.
Apesar da crescente popularidade das tinturas capilares e dos avanços científicos no ramo nos séculos XX e XXI, tinturas não são inofensivas. Por isso, alguns compostos utilizados em tintura devem ter concentração regulada, como é o caso dos parabenos, dos corantes metálicos, do formaldeído, do alcatrão, entre outros.
Então, voltando a questão inicial: colorir ou não? Vários trabalhos científicos estão sendo publicados mostrando que as tinturas, quando bem elaboradas, servem como protetor da haste capilar. As tinturas protegem contra as agressões climáticas, ambientais, do calor e da perda proteica.
Sendo assim o fato de colorir os cabelos ou deixa-los embranquecidos vai depender apenas do gosto individual.
Pesquisa:Internet
Nenhum comentário:
Postar um comentário