6 de agosto de 2022

 

Postagem 4.131

BEDIN V.I.P.

PRF. DR.VALCINIR BEDIN

Prof. Dr. Valcinir Bedin, MD, MSc, Phd, PD
Formação
Médico pela Universidade de São Paulo –USP –Brasil
Mestre em Medicina pela Universidade de Campinas – UNCAMP –Brasil
Doutor em Medicina pela Universidade de Campinas – UNICAMP – Brasil
Pós Doutorado em Educação – Florida Christian University – FCU – EUA

Tricologia
Cosméticos fitoterápicos brasileiros – o capim barbatimão

Janeiro/Fevereiro 2015
Valcinir BEDIN
colunistas@tecnopress-editora.com.br


O Brasil, como país continental que é, tem uma flora muito extensa, com múltiplas variedades de plantas que se adaptam aos diversos microclimas que temos de norte a sul, de leste a oeste. Não apenas a região Amazônica, com a sua já reconhecida internacionalmente “farmácia natural”, mas outras partes do nosso território fornecem matérias-primas fitoterápicas de uso medicinal e cosmético de ótima qualidade. Pela limitação do espaço da nossa coluna escolhemos falar sobre uma espécie vegetal considerada menos nobre na escala de importância neste universo, que é o capim barbatimão.

O barbatimão (Stryphnodendron adstringens) é uma árvore originária do cerrado brasileiro. Seu nome é derivado de um termo indígena que significa “a árvore que aperta”. Nativo do cerrado brasileiro, ele é encontrado em maior quantidade em Minas Gerais, Goiás, Bahia, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

A casca do barbatimão produz matéria tintorial vermelha, e, no passado, era amplamente utilizada no curtimento de couro. Os taninos, cuja concentração chega a 30% em suas cascas, podem transformar a proteína animal em couro. Durante secas e falta de capim, o gado se alimenta de suas vagens e folhas, porém estas são tóxicas, podendo causar grandes irritações nas mucosas do aparelho digestivo ou abortos. Em contrapartida, o gado também ajuda na dispersão da espécie, pois dissemina suas sementes, que, por sua vez, podem germinar no pasto.

O barbatimão é uma planta medicinal também conhecida como alaramotemo, barba-detimam, barbatimão-verdadeiro, charãozinho-roxo, ibatimô, ilatimó, ulatimó, casca-do-Brasil, casca-da-virgindade e casca-da-mocidade, entre outros nomes populares. Possui os sinônimos botânicos Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville, Mimosa barbadetimam Vell., Mimosa virginalis Arruda e Acacia adstringens Mart. Pertence à família das leguminosas. Entre suas substâncias químicas, encontramos taninos, flavonoides e alcaloides. Além disso, faz parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse do SUS (RENISUS), constituída de espécies vegetais com potencial de avançar nas etapas da cadeia produtiva e de gerar produtos de interesse do Ministério da Saúde do Brasil.

As propriedades terapêuticas do barbatimão devem-se, em sua maioria, aos taninos, principal constituinte ativo da planta, localizados majoritariamente em suas cascas. O poder de cicatrização e diminuição de hemorragias do barbatimão deve-se à eliminação de água de dentro das células, que provoca a contração das fibras. Os taninos também formam uma camada protetora sobre a mucosa ou tecido lesado, por meio de complexação dos taninos com íons metálicos, proteínas ou polissacarídeos.

Os taninos da casca do barbatimão possuem atividade adstringente e, por isso, a planta é conhecida como bá-timó na língua indígena, que significa “planta que aperta”. Por conta desta atividade, é cicatrizante, bactericida e fungicida. Em estudos da Universidade do Estado de São Paulo, os taninos provenientes de extratos das cascas de barbatimão apresentaram comprovada atividade antioxidante e sequestradora de radicais livres, evitando danos oxidativos às células e retardando o envelhecimento.
Pesquisa:Internet

Além dos taninos, a planta possui como constituintes químicos, terpenos, estilbenos, esteroides e inibidores de proteases (como a tripsina). Os efeitos antimicrobianos da planta previnem infecções na pele, e estudos recentes apontam até seu uso como adjuvante no tratamento da cárie dental.

O chá da casca e das folhas em forma de lavagem é abortivo. As vagens e folhas do barbatimão são tóxicas, podendo causar grandes irritações nas mucosas do aparelho digestivo. O pólen da planta também é tóxico para as abelhas. Assim, a apicultura não deve ser realizada nas áreas onde ela é cultivada.

No Brasil, a novidade é o extrato de capim barbatimão, que, quando aplicado em forma de creme, tem conseguido reverter a situação de mulheres com quadro de hipertricose idiopática ou de hirsutismo sem correlação laboratorial. Esta é uma condição não muito rara, na qual as mulheres apresentam um excesso de pelos nas áreas onde não deveriam tê-los, sem nenhum aparente problema endocrinológico de base.

Este trabalho foi desenvolvido no ambulatório de cabelos da Sociedade Brasileira para Estudos do Cabelo (SBEC), em associação com a SBME-SP (Sociedade Brasileira de Medicina Estética), e apresentado no último Congresso Mundial de Medicina Estética, na cidade de Buenos Aires.

O que precisamos é não descuidar do nosso vasto arsenal terapêutico disponível na natureza e aproveitar ao máximo esta dádiva que muitos gostariam de ter.


Pesquisa:Internet 

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