18 de outubro de 2023


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HISTÓRIA

A INESQUECÍVEL FAMÍLIA BEDIN

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O PASSADO E AS REMINISCÊNCIAS

A inesquecível família Bedin


POR ALFEU SÁBATO

Corria os anos 50 e Carmo da Mata vivia dias de glórias. É que nossa Matriz foi elevada a Santuário.

Para dirigir nossa Paróquia, vieram três frades Carmelitas, os italianos Frei Giuseppe Bedin, Frei Tiziano Ballarin e o holandês, Frei Paulo Kolgeman.

Com o título de Santuário, adquirimos o direito de receber em nossa Paróquia romeiros, que vinham em suas romarias visitar e venerar a imagem de Nossa Senhora do Carmo, nossa excelsa padroeira. Com isto, nossa cidade passou a ser conhecida e movimentada, com nosso comércio, com lojas, armazéns, bares, restaurantes e hotéis com intenso movimento. Mas... Vamos à família BEDIN.

Frei José, como era conhecido, promoveu a vinda de seu irmão, Bruno BEDIN, jovem, cheio de vida, para tentar uma nova vida em um novo mundo.Enquanto aprendia nosso idioma, trabalhava “duro” nos serviços braçais da paróquia. Tempos depois, o Frei José BEDIN tomou uma surpreendente atitude, promoveu a vinda de parte de sua família, residentes na cidade de Venegassú, Treniso, no Norte da Itália.

Dentre eles, o casal de velhos, Giovana e Giussepe, seus pais.

Atitude temerária e arriscada, pois um casal de velhos, acostumados à suas vidinhas em suas cidades, em seu país, convivendo com os compadres, vizinhos e amigos e, de repente, começar uma nova vida? Mas, apesar do risco, isto foi feito.

Frei José alugou uma casa na Rua Virgílio Silveira. Era um casarão de esquina, em frente a residência do Sr.
Deusdete. Adquiriu terras e uma sede, nas proximidades da fazenda das irmãs manicas. Ali a família de imigrantes passava a semana, trabalhando na lavoura e na pecuária. Os vizinhos carmenses ficavam admirados, como eram trabalhadores e como faziam as terras, antes improdutivas, passar a produzirem.

Colhiam todo tipo de plantações, inclusive, arroz e feijão. Muitas frutas, verduras e legumes, além do leite. O Bruno BEDIN era muito forte e, na falta de bois, ele amarrava o arado no peito, puxava cortando a terra e seu irmão, Piero, dirigia, segurando os cabos de madeira. Tudo isto, sob olhares incrédulos dos vizinhos.

Por serem patrícios de meu pai Gino ficamos amigos e participamos de muitas reuniões alegres regadas a um bom vinho, queijos e salame Borella, cantávamos e dançávamos a Tarantella.

A saudosa família era assim constituída: o casal de velhos, Giuseppe e Giovana, os filhos: Piero, casado com a Giustina e os filhos, Gianni e Gabriella e a bela filha caçula, Giuseppina.

Tempos depois veio o “apaixonado” namorado de Giuseppina, Vello Francesco, que já escrevemos em crônica anterior, sobre esta paixão, tipo “Romeu e Julieta”.

O velho Giuseppe provou de nossa cachaça e foi amor à primeira vista. Vinha para cidade de bicicleta e isto chamava a atenção do povo que nunca viram um velho andar de bicicleta. Adquiriram um belo e inteligente cachorro de raça chamado Maringá, era um fenômeno, enquanto todos trabalhavam, ele vigiava o bercinho da garotinha Gabriella.

Enquanto isto, o Frei José BEDIN conciliava os trabalhos da Paróquia com os cuidados com a família. A “ordem terceira do Carmo”, composta de damas de nossa sociedade, vestiam semelhante as vestes de nossa Padroeira, a “Pia União das filhas de Maria”, todas de branco e os senhores “congregados Marianos”, vestidos de terno e gravata.

Estas congregações iam nos fins de semanas ao sítio visitarem a família BEDIN, lá rezavam e divertiam nas águas da “Cachoeira das Manicas”. O jovem Vello Francesco morava no casarão da cidade e trabalhava na fábrica de calçados do Sr. Gino Sábato. E... Assim foi por algum tempo. Até que a saudade apertou e o casal de velhos não resistiu e manifestou vontade de retornar à sua velha Itália.

Frei José BEDIN se condoeu com esta situação e repatriou às origens esta fantástica família. Ficaram conosco o Bruno BEDIN que namorava a Neusa do Cleta, e o jovem Vello Francesco, que sonhava em fazer fortuna no Brasil, para depois casar com a Giuseppina.

Bruno casou-se com a Neusa e foi tentar a sorte em outras plagas, onde terras férteis poderiam produzir e ganhar mais. Esteve no Paraná e no Mato Grosso. Da união deste simpático casal nasceram os filhos, Rômulo e Remo, e as filhas Giuseppina, Rossana e Giovanna. Acho bonitos os nomes originais, mas costumam “abrasileirar” os nomes...

Vello Francesco foi para Belo Horizonte, atraído pelos encantos da cidade grande, ganhou algum dinheiro e voltou para a sua amada na Itália, mas demorou a voltar e quando lá chegou teve a triste notícia do casamento da ex-namorada e de sua morte no parto do primeiro filho. Ficou por lá e tivemos notícias. Que ficou rico, fabricavam botas de esquiar e conseguiu um novo amor. Mas o agora padre secular, José BEDIN, me contou que o apaixonado Vello sempre errava e chamava a nova esposa de Giuseppina, nome que ficou gravado em sua memória.

Os irmãos, padre BEDIN e Bruno, por aqui ficaram e aqui faleceram. Padre Bedin manifestou que queria morrer no Brasil e, de um modo especial, em Carmo da Mata e com as vestes de Frade Carmelita, solicitação feita à minha esposa Aparecida e que foi feito conforme o seu desejo.

Bruno BEDIN, após merecida aposentadoria, veio a falecer, ficando também entre nós, mas deixando a esposa Neusa e uma família maravilhosa, como recordação de um imigrante que adotou o Brasil como Pátria e Carmo da Mata como o seu torrão Natal.

E... Assim, contamos para os nossos prezados leitores curiosidades da passagem desta saudosa família por nós. 


Pesquisa:Internet

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