17 de outubro de 2016

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HISTÓRIA 

CULTURA VÊNETA

Cultura Vêneta

O vêneto é uma Região situada entre a Áustria e o Mar Adriático; tem cerca de 4.500.000 habitantes (2008).
O povo do Vêneto é chamado VÊNETO.
As principais cidades do Vêneto são: VENEZA, TREVISO, VERONA, PADOVA, VICENZA, ROVIGO e BELLUNO

A LÍNGUA VENETA

  A língua do Vêneto é chamada VÊNETA ( no inglês, VENETIAN)
  É uma língua românica*1 originaria na própria região do vêneto e é atualmente falada no Vêneto como língua materna. É falada também em algumas zonas da província de Trento, Pordenone, Gorízia e Triestre. Também na costa sul de Friuli e em algumas zonas da província de Bérgamo e Brescia. É falada ainda na Slovenia em algumas zonas internas do goriziano na sua costa que dá para a Istria. (Istria = Toda a península que fica ao sul de Triestre). Na Croácia e sua costa da região da Istria e da Damazia; Na România na cidade de Tulcea; No México, sobretudo no subúrbio de Chipilo da cidade de Puebla; Em algumas regiões do Brasil, no estado do Rio Grande do Sul onde é conhecida como "talian", e Santa Catarina, onde, na cidade de Serafina Correa é língua oficial por um dia do ano.

  No dia 28 de março de 2007 foi reconhecida como língua também do Concílio Regional do Vêneto.
 
  *1 As línguas românicas, também chamadas de "romances, romanzas ou neolatinas", pertencem a uma família de línguas indoeuropeias procedentes da mesma origem. São línguas que nasceram da evolução do latim vulgar, e que foram passando por um processo de mutação, específico em cada região. O latim vulgar era o latim popular, falado nas ruas, e diferenciava-se do latim clássico, usado na literatura.
 
  Sobre a Língua Vêneta - Wikipedia
 
História dos Vênetos
  Povo de origem indo-européia, originário da Paflagônia, atual Turquia. Do grego, vênetos = dignos de mérito. Os vênetos eram gentes pacificas,  mas sempre prontas para se defender dos eventuais agressores. Estavam interessados em manter boas relações comerciais com os povos vizinhos.

  1.500 a.C. - 200 a.C.
  1. Os vênetos antigos
  Aproximadamente na metade do segundo milênio antes de Cristo, os vênetos foram obrigados a sair da Paflagônia fixando-se na península da Bretanha, atual França, na atual Polônia, no sul da atual Alemanha, e no Norte do Mar Adriático que compreende aos atuais Vêneto, parte da Friuli-Venezia Giulia e de Trentino-Alto Adige, regiões que fazem parte da República da Itália e da Ístria (parte da Eslovênia e da Croácia).

  Os vênetos se fixaram na planície vêneta, chamados então de terrestres, misturando-se com o povo que aí já vivia desde cerca de 2000 a.C.
  Depois da queda de Tróia, segundo conta o historiador Tito Lívio, os vênetos remanescentes da Paflagônia chegaram por mar até o fundo do Golfo do Adriático. Estes foram denominados de vênetos marinhos, que reunindo-se com os terrestres construíram a grande nação dos vênetos itálicos.
  Possuíam língua própria (teve influências no latim), escrita, além de uma forte religiosidade, viviam ao longo dos rios em casebres de madeira, dominavam a agricultura, a pesca e o artesanato, além de serem famosos na antiguidade pela criação de cavalos.
 
  Não se tem notícias de um domínio centralizador. Provavelmente eram cidades federadas. O principal centro era Este, além de Mel, Calalzo, Montebelluna, Asolo, Altino, Treviso Padova, Verona.
 
  200 a.C. - 476 d.C.
  2. Durante o Império Romano
  Para não serem destruídos, os vênetos preferiram fazer pactos de amizade com os romanos. A região foi rapidamente latinizada. Pouco antes do nascimento de Cristo, os vênetos tornaram-se cidadãos romanos. Durante o governo de Augusto, a região tornou parte do império como a X Regio Venetia et Istria. Houve um período próspero por cerca de 300 anos, favorecendo as artes e o comércio. As cidades cresceram, sendo construídos muitos monumentos e edifícios e pedra. As Principais cidades deste período foram Padova, Verona, Vicenza, Altino e a capital Aquiléia, que ficava atrás somente de Roma. Aquiléia também foi o principal centro de difusão do catolicismo no Leste e no Norte da Europa. Na queda de Roma a região foi invadida e saqueada pelos povos bárbaros, obrigando muitos de seus habitantes a refugiarem-se nas lagunas costeiras, fundando novas cidades, como Chioggia, Caorle, Grado e Veneza. O resto do território cai sob o domínio dos feudatários.
 
  476 d.C. - 1.797 d.C.
  3. Idade Média - Moderna
  A zona marítima do Vêneto se separou de tal modo da parte continental que por séculos teve vida distinta. As cidades vênetas continentais passaram uma a uma sob os domínios dos longobardos, francos e depois pelos imperadores alemães. Eram governados por duques devendo obediência e muitos impostos, mesmo assim as cidades tornaram mais ativas e ricas e o domínio estrangeiro mais difícil de suportar, o que promoveu a revolta de seus habitantes, caçando os duques, as cidades transformam-se em comunes. Para manter-se livres, deveriam lutar contra o imperador alemão que não se conformava com a perda. Em 1164 as cidades vênetas aliaram-se contra Frederico Barba Ruiva na chamada Liga Veronesa, tirando definitivamente o Vêneto continental do domínio alemão. As comunes vênetas se tornaram senhorias governadas pelas famílias mais fortes, havendo conflitos entre as senhorias, ao contrário da república de Veneza, uma potência naval, rica e segura que passou ser conhecida com a Sereníssima.
 
  No séc.XIV, Veneza se interessou pelas terras continentais pois as senhorias estavam prontas para ameaçar a tranquilidade da Sereníssima. Em pouco mais de uma século todas as cidades vênetas estavam formando um Estado único sob o comando de Veneza.
 
  Por muito tempo Veneza governou soberana, fazendo sentir a sua influência em todos Estados da Europa. floresceram maravilhosamente as artes.
 
  A partir de 1500, Veneza cai em uma lenta decadência até a chegada de Napoleão Bonaparte que brutalmente pôs fim a milenar república, depredando-a e entregando a Áustria.
 
  1.797 d.C. até a era atual.
  4. 1797 até hoje
  Por cerca de 60 anos Vêneto ficou sob o domínio Austríaco, até que em 1866 foi realizado um plebiscito que fez Vêneto parte do Reino da Itália, mas a grave crise econômica entre o fim do séc. XIX e o início do séc.XX com duas sucessivas guerras mundiais, a primeira combatida em seu território e a segunda com a perda da Ístria impulsionou uma grande imigração, inicialmente para o Brasil e Argentina, depois para os Estados Unidos, Canadá, Austrália e outros países europeus.
 
  Somente depois de 1960 o Vêneto volta a reviver, graças as aberturas comerciais, voltando a ser o que foi durante 3000 anos.
  Texto transcrito da pagina da familia Buso.


A história da imigração Veneta

  Diz Ulderico Bernardi, no seu livro "A catàr fortuna" ("Em busca de fortuna"):"Qualquer povo da Terra, se procurar na sua história, encontrará a experiência da emigração. Enquanto para alguns povos ela é atual, para outros pertence a uma época já superada.O Vêneto hodierno, onde quase não há família que não tenha um parente ou um conhecido emigrado, conjuga esses dois aspectos, pois vê chegarem imigrados de muitos países ao mesmo tempo que existem ainda vênetos que emigram, mesmo que temporariamente, seja como técnicos para os grandes trabalhos que as empresas italianas realizam no exterior, seja para oferecer a outros países da Europa sua apreciadíssima habilidade na produção de sorvete artesanal. Mas não se trata mais de emigração em massa, de famílias, de povoados inteiros de pobres camponeses, na maioria analfabetos ou quase, como foi na origem.
 
  É uma longa história, a da emigração vêneta, parte integrante do fluxo imponente que foi a emigração italiana. Nos cem anos que se seguiram à unificação nacional, estima-se que mais de vinte e três milhões de italianos conheceram os caminhos da emigração. Partiam dos antigos reinos desaparecidos, mas também das ricas províncias dos Sabóia, da fértil planície do Pó e dos montes desolados do Sul, dos territórios conquistados aos Habsburgos na Grande Guerra e das terras beneficiadas em que o sonho da propriedade se tinha dissolvido na agregação em latifúndios. Entre 1876 e 1925, em cinqüenta anos de adaptações políticas, aventuras coloniais, industrialização pesada, guerra na Europa e na África, já haviam partido quinze milhões de italianos: oito do Norte e sete do Sul. Fugiam da mortificação da pelagra, das taxas sobre o sal e sobre a moagem que encareciam demais até mesmo a polenta dos pobres, dos privilégios de uma burguesia urbana rapaz e absenteísta que odiava os camponeses pelo seu fervor religioso."
 
  O escritor vêneto Ippolito Nievo acusava os "progressistas da cidade": "Não temo afirmar que aquela cruzada do liberalismo contra o clero do campo foi uma injustiça, foi uma improntitudine contra a gente do campo e, como os curas e os padres eram os únicos intérpretes de sua inteligência (...) vilipendiar os seus padres era vilipendiar aquele que tinha fé, gritar pela sua morte foi o mesmo que atentar contra a moralidade e a religião de todo um povo."
 
  Meeiros, colonos, trabalhadores braçais, viviam sob a ameaça de perder a casa e o trabalho pela disdetta patronal no dia de S. Martinho, 11 de novembro, data que marcava o início do ano agrário e a renovação dos contratos.
 
  A dureza do trabalho diário naquela época é documentada pela importante Pesquisa agrária e sobre as condições da classe agrícola, que o Parlamento italiano iniciou em 1877 e cujos resultados, publicados entre 1880 e 1885, revelaram a condição desesperada dos trabalhadores nos campos italianos. O cálculo das horas de trabalho do camponês vêneto é informado assim:
 
 
  "... o camponês trabalha, no verão, das 4 da manhã às 8 da noite e, no inverno, das 7 da manhã às 5 da tarde; note-se, no entanto, que ambos os períodos de trabalho incluem duas horas de repouso, de modo que, em média, o camponês tem 14 horas de trabalho no verão e 8 no inverno, aí compreendido o tempo ocupado para ir e retornar do local de trabalho (que às vezes é distante) e calculando como horas de repouso aquelas passadas nas reuniões iemali" (isto é, as ‘filò’, ou seja, as vigílias noturnas no estábulo, ao calor dos animais, que na verdade eram horas de trabalho para mulheres e homens, aquelas ocupadas em fiar e estes em construir ou consertar implementos
 
 
  "As horas de repouso na cama, por outro lado, podem ser calculadas em 6, tanto no verão como no inverno, por causa das reuniões noturnas que se prolongam até entre 11 da noite e meia-noite, e das quais costumam participar todos, fuorché crianças e velhos. ... Talvez não exista nenhuma classe social que, como a dos camponeses, utilize assim longamente as crianças e obrigue as mulheres a dividirem os esforços com os homens."
 
  A agrura do trabalho ... era acompanhada do medo, para aqueles que não tinham a propriedade da terra, de perder casa e atividade. In agguato estava a miséria de viver na base da jornada, sem poder contar com algumas galinhas, com um porco, com uma horta, com aquele pouco de lenha que podia ser recolhido das árvores ao longo dos fossos, com um teto, malfeito talvez, mas seguro.
 
 
  Os emigrantes partiam em grupos de vizinhos, às vezes povoados inteiros. Os senhores falavam de "americomania" e talvez até vissem com algum alívio o esvaziamento do campo, o que livraria campos e praças dos arrendatários mais exigentes e obstinados nas reivindicações. O hábito mental da arrogância, denunciado por Nievo, os tornava, havia séculos, indiferentes às agruras dos "vilões", tidos na conta de não-pessoas, ignorantes, ávidos, sórdidos, teimosos como bodes e sempre hostis às novidades.
 
 
 
  O Brasil sempre foi um dos destinos mais importantes deste emigrantes. Dos 3,8 milhões de imigrantes que entraram no Brasil no período de 1870 a 1925, cerca de 1,5 milhões eram italianos. Isto significa que dez por cento de toda a emigração italiana do período destinou-se ao Brasil. Do ponto de vista do Brasil, a imigração italiana foi, por tempo longo tempo, a mais importante: no período considerado, uma terça parte do total de pessoas entradas no Brasil (os outros países importantes de proveniência foram Alemanha, Espanha, Portugal, Polônia, Rússia e, a partir de 1908, Japão) são imigrantes italianos. Mas em certos anos, o percentual de italianos na imigração total para o Brasil alcança quase oitenta porcento!
 
  O Estado de São Paulo foi o que recebeu a maior quota de italianos. Não dispomos de estatística exata. Mas como este estado recebeu, no conjunto, a metade de toda a imigração estrangeira para o Brasil, e como certas nacionalidades se concentraram mais pesadamente em outros estados (por exemplo, os alemães em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, os poloneses e russos no Paraná, os espanhóis no Rio de Janeiro e assim por diante), pode-se raciocinar que o estado de São Paulo tenha recebido pelo menos a metade de todos os italianos que entraram no Brasil.
 
  Segundo o Ministério das Relações Exteriores da Itália, em 1966 o total de italianos e descendentes no Brasil era de 22.753.000 pessoas. E segundo a Embaixada da Itália no Brasil esse total havia subido para 25.000.000 no ano 2000.
 
  No Estado de São Paulo, e particularmente na cidade de São Paulo, muito mais que em outros estados brasileiros que receberam imigrantes italianos, duas circunstâncias, entre outras, causaram a perda da consciência das raízes italianas, a perda do sobrenome italiano e a perda da italianidade:
 
  · com os casamentos "inter-raciais" (de mulheres italianas com homens de diversas outras nacionalidades) muitos sobrenomes italianos desapareceram;
 
  · durante a segunda guerra, o medo de ser tratado como "inimigo" levou muitas famílias italianas a "aportuguesarem" seus sobrenomes.
  Mesmo assim, a estimativa do Consulado Italiano em São Paulo segundo a qual o total de italianos e descendentes, no estado, seja de apenas 6.000.000 parece-nos conservadora.
 
  É impossível, com os dados disponíveis saber quantos são os vênetos e descendentes no Brasil ou no Estado de São Paulo. A presença em São Paulo de imigrantes (e descendentes) provenientes de todas as regiões da Itália favoreceu o aparecimento de uma "raça italiana" local, resultante dos numerosos casamentos "inter-regionais". Muitos dos descendentes de vênetos da atual geração, em São Paulo, têm também ancestrais provenientes de outras regiões da Itália e não poucos têm ancestrais não-italianos (portugueses, alemães, japoneses, russos etc). É comum que esses vênetos mesclados de São Paulo, ao buscar a obtenção de uma segunda cidadania, optem pela cidadania italiana através do ancestral vêneto. Será que eles se consideram mais vênetos do que outra coisa? Está aí um interessante tema que requer uma abordagem não apenas sociológica mas também psicológica ...
 
Texto transcrito da pagina da familia Buso

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