30 de dezembro de 2022

 

 Postagem 4.373

BEDIN V.I.P.

PRF.DR. VALCINIR BEDIN


Prof. Dr. Valcinir BEDIN, MD, MSc, Phd, PD

Registros
Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo – 39013
Registro de Qualificação de Especialista em Dermatologia –85178
Registro de Qualificação de Especialista em Nutrologia – 49981

Formação
Médico pela Universidade de São Paulo –USP –Brasil
Mestre em Medicina pela Universidade de Campinas – UNCAMP –Brasil
Doutor em Medicina pela Universidade de Campinas – UNICAMP – Brasil

Pós Doutorado em Educação – Florida Christian University – FCU – EUA

Nutracêuticos e cabelos: o estado da arte


colunistas@tecnopress-editora.com.br
Valcinir BEDIN

No corpo humano temos vários tipos de células, aquelas com as quais nascemos e não sofrem multiplicação posterior e aquelas que vão sofrer divisões até a morte final do organismo.

Estas últimas são células com alta atividade mitótica, pois estão em constante divisão. As células da pele, e, especialmente de um anexo dela, o pelo, estão neste grupo. Mas, o que é essencial para que ocorra esta divisão celular é o aporte constante de energia, conhecido como ATP (adenosina tri fosfato). Para que tenhamos esta energia precisamos ter, na corrente sanguínea, uma quantidade de nutrientes que seja suficiente para todas as atividades metabólicas do organismo.

Tomemos como exemplo o ferro. Este elemento químico é essencial para células com alta atividade mitótica, como, por exemplo, a hemácia. Sem ferro suficiente não produziremos esta célula vital. Mas, para fazermos cabelo também precisamos do ferro. Imagine que você fosse o gerente do corpo. Com certeza você primeiro faria toda a quantidade de hemácias necessárias para uma vida saudável e depois, se sobrasse ferro, você destinaria para a fabricação de cabelos.

E mais, se faltasse esse elemento químico na ingestão do corpo, certamente primeiro abandonado seria o mesmo cabelo, uma vez que ele não é parte essencial na sobrevida do organismo. Isso explica por que dietas altamente restritivas levam a queda dos cabelos, ou por que isso também acontece em situações de estresse muito elevado ou de doenças consumptivas.

O que foi dito tem a intenção de explicar ao leitor que o corpo tem necessidade de nutrientes em quantidades suficientes para fabricar células essenciais e para que sobre também para aquelas não essenciais.

A forma mais tradicional de se obter esses nutrientes é através da ingesta. Uma dieta saudável deve ser aquela na qual temos o equilíbrio de todas as necessidades, sem o excesso de umas ou a falta de outras. Mas nem sempre isso é possível, pois temos uma quantidade enorme de variáveis interferindo neste processo. O mais comum é realmente a baixa ingestão dos nutrientes, mas podemos ter problemas com a digestão deles, problemas de absorção (com o passar do tempo, as vilosidades intestinais se aplanam e isso diminui a área de absorção), problemas de metabolização dos alimentos ou outras doenças que levam a uma resposta negativa a quantidade ingerida dos nutrientes. Resumindo, nem tudo que entra no nosso organismo se transforma em energia!

Há alguns anos cunhou-se a palavra cosmecêutico, que seria um produto com características de um medicamento, mas com efeitos cosméticos. Depois criou-se o termo nutracêuticos, que são formulações especialmente planejadas para serem suplementos nutricionais com efeitos de cosméticos. No primeiro caso fala-se muito no termo facilitadores de permeabilidade cutânea, fórmulas que conseguiriam levar princípios ativos até uma profundidade maior na pele. No caso dos nutracêuticos, infelizmente, não temos ainda a tecnologia que faria com que um nutriente pudesse ser aplicado sobre a pele e absorvido o suficiente para ter o efeito desejado.

Porém, o que temos são formulações desenvolvidas para que o seu conteúdo possa ser absorvido a nível de sistema digestório e realizar os efeitos cosméticos que desejamos. Com relação ao campo regulatório são considerados alimentos e, portanto, não necessitam de autorização da divisão farmacêutica das agências reguladoras, mas nem por isso são de livre fabricação e comercialização.

Temos visto vários produtos serem lançados no mercado com apelos para crescimento dos cabelos, melhoras na pele e nas unhas. O importante é que o formulador saiba separar o joio do trigo. Infelizmente não se pode confiar em tudo que lemos ou que nos é enviado como sendo trabalhos científicos. Um exemplo é aquele de produtos tópicos com vitaminas que alegam serem absorvidos pelo couro cabeludo em quantidade suficiente para terem o efeito desejado. A argumentação é que o couro cabeludo é muito vascularizado e, portanto, serviria para absorver estes elementos. Na realidade isso não acontece, pois, a pele é um órgão de defesa do corpo e não deixa que substâncias estranhas a ela penetrem no seu interior. Como exemplo temos os shampoos com vitaminas que alegam que estas nutrem os fios, ou papel higiênico com vitaminas que protegeriam a pele do usuário! A via de administração e o veículo do produto são muito importantes para o resultado.

O recado final é que devemos sempre respeitar nossos clientes e solicitar ao departamento de marketing não exagerar nos claims para que o nosso produto tenha a fama que merece.


Pesquisa:Internet

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