14 de abril de 2014

Postagem 081
BEDIN V.I.P

ALFREDO BEDIN





DADOS BIOGRÁFICOS

Alfredo BEDIN nasceu em Caxias do Sul em 18 de junho de 1922 e faleceu na mesma cidade, Rio Grande do Sul, em 29 de setembro de 2000, Era filho de Ricardo e Ingnes Vicenzi BEDIN. Casou-se em 09 de junho de 1945 com Maria Idê Buffon BEDIN. Desta união vieram os filhos Luiz Ricardo (in memorian) , Maria Tereza, Roberto Braz, Andre Paulo, Eliana Maria, Felipe, Fernando José, Isabel Inês, além de 16 netos e dois bisnetos.

Alfredo BEDIN estudou nos colégios São José e N. Sra. Do Carmo, em Caxias do Sul, e no Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, onde ingressou no curso de Medicina. Obrigado a abandonar o curso em função da enchente de 1942, que penalizou o estado como um todo, retorna a Caxias do Sul e passa a trabalhar com seu pai no Armazém BEDIN.

Começou a lida artística em 1947, tendo desenhado, pintado,  e gravado por mais de 53 anos. Em 1962 fez curso na Escola De Belas Artes em Caxias do Sul, quando experimentou vários materiais, lápis, aquarela, caneta esferográfica, pastel, tinta óleo e acrílica, além de utilizar vários tipos de suporte: cartolina, papel sulfite, tela, Eucatex e tudo mais que apresentasse superfície plana.

Para ele tudo era suporte para trabalhar.

Assim como utilizou vários materiais, experimentou diversas técnicas e temáticas. São monotipias de naturezas mortas, nus, retratos em nanquim, paisagens com óleo, entre outros bem sucedidos experimentos. Pintou também duas vias-sacras, uma delas calcadas em Aldo Locatelli, para a igreja da comunidade Jesus de Nazaré, no bairro Rio Branco.

Alfredo BEDIN produziu mais de 8 mil trabalhos. Grande apreciador e apaixonado pelas artes considerava Rembrandt o maior pintor de todos os tempos.

MARIA IDÊ BUFFON BEDIN

Me chamo Maria Idê Buffon BEDIN, filha mais nova de onze irmãos.

Meu pai se chamava Luiz Buffon e minha mãe Elisabetha Tomé Buffon, sendo que três filhos eram do primeiro casamento do meu pai com Rosa Tomé, irmã de minha mãe, que veio a falecer algum tempo depois. Nasci no distrito de Ana Rech, em Caxias do Sul, no dia 20 de maio de 1925.

Meu pai tinha uma ferraria em Ana Rech que juntamente com seus empregados faziam facas, ferraduras e outros objetos.

Como a família era grande, já que minha mãe assumiu os três filhos de sua irmã, apenas cuidava da casa e dos afazeres domésticos.

Após um tempo, com 53 anos, meu pai faleceu com complicações pulmonares e cardíacas.

Alguns meses depois, a casa de Ana Rech foi vendida para a Prefeitura, onde hoje fica a praça central do distrito e vim morar no centro de Caxias do Sul, juntamente com minha família.

Para sustentar a casa, meus irmãos começaram a trabalhar na Metalúrgica Abramo Eberle onde mais tarde com 14 anos também passei a trabalhar.

Em 1942, Alfredo BEDIN que trabalhava no armazém de seu pai começou a me observar, já que eu era vizinha. Tempos depois o primeiro contato com o qual Alfredo muito gentilmente me ofereceu uma bala, começamos a namorar. Nessa época eu estava com 17 anos e ele com 20 anos. O namoro seguiu lentamente, pois Alfredo era muito tímido, tanto que o primeiro beijo só aconteceu após seis meses de namoro sério.

Em 08 de junho de 1945 nos casamos na Catedral Diocesana às 06 h30min da manhã e a recepção aconteceu na casa de minha mãe onde às 08h30min da manhã seguimos em lua de mel para Porto Alegre, onde nos hospedamos no hotel Avenida. Após a lua de mel, Alfredo voltou a trabalhar no armazém com seu pai onde ficou até pouco tempo após seu falecimento com apenas55 anos. Ainda no armazém, bastava um tempo livre para ele rabiscar seus esboços, paixão pela pintura que sempre teve. Lá também conheceu um senhor italiano, Eugenio Coletti, que o ajudava dando noções sobre pintura e opiniões sobre seus desenhos.

Sempre cuidei da casa e em 29 de novembro de 1946 nasceu nosso primeiro filho Luiz Ricardo. Depois vieram Maria Teresa, Roberto Brás e André Paulo.

Vendo esta paixão pela arte resolvi conversar com a diretora da Escola de Belas Artes, onde hoje funciona a Casa da Cultura, para que ele começasse a frequentar as aulas de arte. Mas com o tempo Alfredo teve que abandonar as aulas para me ajudar, pois não estava dando conta do armazém e quatro filhos pequenos. Após vieram nossos filhos Eliana Maria, Fernando José e Isabel Inês.

Alfredo era muito dedicado, um pai exemplar, sempre auxiliando-os, e aconselhando-os no que era preciso, principalmente no que dizia respeito ao caráter, responsabilidade e honestidade. Já como esposo, melhor não poderia ser: um marido compreensivo, amigo, sempre disposto a me ajudar na criação dos filhos e até nos afazeres diários, já que era  doceira e fazia tortas sob encomenda.

Nas nossa casa havia um sótão muito grande, muito bom, então ali montou seu ateliê  e começou a pintar por conta própria, sempre pedindo minha opinião sobre seus trabalhos.Pintava até cansar, era incrível. Bastava abrir o jornal e ver uma figura, uma paisagem que lhe chamasse atenção que ele subia para seu ateliê e pintava. Adorava presentear as pessoas, filhos e netos com suas obras e chegou a vender algumas.

Em dezembro de 1962 Alfredo foi trabalhar no Pastifício Caxiense, onde desempenhava função de escriturário. Permaneceu nesta empresa até junho de 1979, quando se aposentou com quase 37 anos de trabalho comprovado. Queríamos ter viajado mais, mas ele não se dispunha para isso. Mas foi através de nosso filho Fernando José, que na época morava em São Paulo, que tivemos a oportunidade de conhecer a cidade, os museus de arte, A Bienal e todos os lugares que diziam respeito a pinturas e esculturas.

Em 29 de maio de 1992, aos 45 anos, faleceu nosso primeiro filho, Luiz Ricardo, que por falta de diagnóstico correto teve impossibilitada a reversão do caso.

Após ter diagnosticado um câncer de próstata, em dezembro de 1998, Alfredo continuou suas pinturas até o dia em que seu corpo não mais aguentou. Quando eu estava descendo as escadas de minha casa, Alfredo me disse: “Não dá mais.Não posso mais continuar com as pinturas”. Dias depois ele foi para o hospital onde permaneceu internado por 40 dias. Durante este período foram feitas várias cirurgias, sempre aos cuidados dos filhos, genros, noras e netos, na expectativa de uma melhora. Infelizmente Alfredo faleceu no dia 29 de setembro de 2000.



Extraído do livro Alfredo BEDIN. Memória e arte caxiense.



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