7 de junho de 2021

  

Postagem 3.579

BEDIN V.I.P.

PROF.DR. VALCINIR BEDIN

 

Prof.Dr. Valcinir BEDIN

 - Médico pela Universidade de São Paulo - USP
- Mestre e Doutor em Medicina pela UNICAMP
- Prof. convidado da Universidade Vadois - Lausanne-Suiça
- Prof. e Coordenador do Curso de Pós Grad. em Derma. e em Med. Estética da FTESM - FPS - SBME
- Ex-professor da Faculdade de Medicina de Jundiaí
- Presidente da regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Medicina Estética
- Presidente da Sociedade Brasileira para Estudos do Cabelo
- Diretor do Instituto de Pesquisa e Tratamento do Cabelo e da Pele
- Diretor do CIPE - Centro Integrado de Prevenção do Envelhecimento
- Ex-delegado do Conselho Regional de Medicina de São Paulo

Diretor do Instituto de Pesquisa e Tratamento do Cabelo e da Pele 

Onde existe pele existe pelo?

Março/Abril 2021
Valcinir BEDIN colunistas@tecnopress-editora.com.br

Valcinir BEDIN
A pele é o maior órgão do corpo humano, e o pelo é o seu anexo mais importante. Existem aproximadamente 5 milhões de folículos pilossebáceos espalhados pelo organismo, exceto em cinco locais específi cos. A saber: palma da mão, planta do pé, leito ungueal, glande peniana e pequenos lábios vaginais.

Seria possível pensar que não existem pelos nas pálpebras ou nos lábios, mas isso não é verdade. Eles estão presentes, apesar de invisíveis ao olho nu.

Mas por que isso é importante? Para começo de conversa, para as neoplasias. Há tumores de origem folicular que só podem aparecer onde existam folículos. Para um diagnóstico correto, essa informação é de muito valor, se não fundamental.

Quando tratamos de produtos e serviços relacionados aos pelos, também é importante este conhecimento. Outro dado também importante é que o pelo é um anexo da epiderme e, portanto, constituído de células epidermais, quais sejam: queratinócitos e melanócitos. Tratamentos que envolvem retirada deles ou mudança de sua forma ou cor podem envolver a pele adjacente, e isso é muito relevante para o seu sucesso!

Quando falamos de pelos corporais, a ação mais comum é a depilação. Esse é um hábito muito comum, especialmente (mas não só) de mulheres do mundo ocidental. Cada modalidade de depilação, além da retirada de pelos, acarreta numa alteração da pele onde ela é aplicada.

A aplicação de produtos químicos que destroem a queratina com o intuito de destruir o pelo vai, sem dúvida, causar a destruição de parte da epiderme na sua camada mais superfi cial, que é a chamada camada córnea.

Esta, por sua vez, tem função de proteção e de barreira contra a entrada de microrganismos e de cosméticos naturais da pele, sendo responsável pela hidratação natural e pela manutenção do manto hidrolipídico. A sua destruição, mesmo que parcial, causa um desequilíbrio a esse estado, devendo os formuladores ficarem atentos a esse evento.

Produtos de ação química para depilação devem ser formulados associados a hidratantes e mantenedores de pH para minimizar esses danos.

Outra modalidade de depilação é aquela que utiliza ceras, tanto frias quanto quentes. O mecanismo de ação desse método é a quebra mecânica do pelo através da retirada da cera aplicada sobre a pele e os pelos. Apesar de se querer retirar apenas os pelos, inevitavelmente acaba-se retirando parte da camada córnea, especialmente daquelas células já mortas que se colocam mais superficialmente. Quando a retirada é excessiva, é necessário que se faça uma proteção adicional após a depilação, com produtos que, se não conseguem restituir as características do estrato córneo, ao menos têm que dar uma proteção temporária até a recuperação dessa estrutura. O risco fica aumentado para uma infecção bacteriana, por exemplo.

Os métodos mecânicos que usam aparelhos cortantes e lâminas muitas vezes levam à retirada de camadas de células da córnea pelo arrasto delas. Isso pode causar todos os problemas descritos anteriormente e também a obstrução dos óstios foliculares, levando a foliculites e outros processos infl amatórios.

Produtos com características anti-inflamatórias podem ser utilizados para finalizar esse tipo de procedimento.

Um tópico à parte é o que fazemos com os pelos do couro cabeludo, conhecidos na língua portuguesa como cabelos. Além de tratá-los diariamente, o cuidado com a pele adjacente também é muito importante.

Uma característica muito presente no couro cabeludo é a sua vascularização, que é bastante grande. Outra é a presenças de glândulas sebáceas em quantidades que variam de 50 a 150 mil unidades. Isso dá a dimensão dos cuidados que devemos ter quando vamos aplicar qualquer produto químico nos cabelos.

Para se fazer qualquer atividade que envolva o uso de princípios ativos com pH diferente daquele da pele normal (ao redor de 5,5), devemos, sempre que possível, proteger a pele da área na qual estamos trabalhando, de maneiras mecânicas ou químicas.

É sempre importante realizar um teste inicial e prévio, aplicando uma pequena quantidade de produto atrás de uma orelha e esperando ao menos 15 minutos para avaliar a pele. Se ela apresentar vermelhidão, prurido ou descamação, o tratamento deve ser evitado.

É importante lembrar que, antes de tomar alguma atitude em relação ao ocorrido (como pedir para a pessoa lavar os cabelos com água quente), deve-se ter a certeza do diagnóstico, para não piorar a situação. A água quente pode liberar gases ou vapores mais nocivos do que o próprio produto.

Cabe ao formulador o bom senso de elaborar produtos que estejam alinhados com o bem-estar do usuário, e cabe ao profissional que atua no campo ter o discernimento para escolher os melhores produtos para cada caso.


Pesquisa:Internet

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