3 de setembro de 2022

 

 Postagem 4.200

BEDIN V.I.P.

PROF.DR.VALCINIR BEDIN

Doutor em MediProf. Dr. Valcinir Bedin, MD, MSc, Phd, PD

Formação
Médico pela Universidade de São Paulo –USP –Brasil

Mestre em Medicina pela Universidade de Campinas – UNCAMP –Brasilcina pela Universidade de Campinas – UNICAMP – Brasil
Pós Doutorado em Educação – Florida Christian University – FCU – EUA

Tricologia

Tricologia pediátrica

Setembro/Outubro 2019
Valcinir BEDIN
colunistas@tecnopress-editora.com.br


Apesar de ser um órgão com funcionalidade semelhante, a pele das crianças difere da pele dos adultos em suas características morfológicas e fisiológicas. Sob o aspecto morfológico, os bebês apresentam na hipoderme e na epiderme camadas mais finas e circulação periférica menos acentuada. A derme é menos corneifi cada, com poucos pelos e alto teor de água, sendo, dessa forma, mais hidratada. Tal grau de hidratação torna a pele da criança mais permeável e propensa à absorção de substâncias, oferecendo, por outro lado, menor resistência aos agentes agressores.

A imaturidade das estruturas que constituem o tecido cutâneo e subcutâneo é outro fator que torna a pele das crianças menos apta a manter o equilíbrio homeostático e mais suscetível à penetração de materiais externos, potencialmente prejudiciais.

O pH ácido da pele é um fator de proteção a bactérias patogênicas e auxilia na manutenção da integridade e coesão do estrato córneo. No recém-nascido, o pH é próximo do neutro e só se estabiliza no primeiro mês de vida, quando atinge valores próximos ao do adulto, em torno de 5,7.

Somente a partir dos 2 ou 3 anos de idade que a pele de uma criança passa a ter as mesmas características da pele adulta, exercendo completamente a função de barreira entre o meio externo e o meio interno.

O mercado de cosméticos infantis vem apresentando um crescimento importante nas últimas décadas, sinalizando que crianças e adolescentes são um novo grupo de consumidores. Esse fato vem chamando a atenção da indústria farmacêutica, de pais, médicos e autoridades sanitárias para o perfil e a segurança de tais cosméticos.

Alguns acometimentos são mais comuns em crianças e outros são raros. Existem genodermatoses, que são alterações genéticas que felizmente ocorrem em pequenas quantidades, e existem situações bem mais frequentes, que ocorrem com muita intensidade.

A título de amostragem, escolhemos duas dessas ocorrências:

• A primeira é a síndrome dos cabelos anágenos frouxos (SCAF), descrita inicialmente por Nödl, e caracteriza-se pela presença de fios de cabelo esparsos no couro cabeludo, com crescimento anormal e sem necessidade de cortes frequentes. Os fios de cabelo são facilmente retirados do couro cabeludo, de forma indolor e sem quebra.

As alterações geralmente aparecem na infância (entre 2 e 5 anos), sendo ambos os sexos afetados. A maioria das crianças tem cabelos loiros, embora possam ser observadas algumas com cabelos castanhos. Ocorre comumente na população branca, mas não é raro em indivíduos de pele escura.

A herança, na maior parte dos relatos, é autossômica dominante, e o achado essencial é a retirada fácil de cabelos, em fase anágena, do couro cabeludo.

A clínica da SCAF caracteriza-se por rarefação e reduzido comprimento dos cabelos, os quais se desprendem facilmente do couro cabeludo, podendo ser extraí dos de forma indolor mediante leve tração.

Os cabelos são mais finos que o normal e não necessitam ser cortados com frequência, pois crescem lentamente. Esse fato é mais frequentemente notado em meninas, que em geral usam os cabelos mais compridos.

• No outro extremo das alterações capilares e do couro cabeludo em crianças, vamos encontrar a dermatite seborreica.

A dermatite seborreica é uma doença muito comum e recorrente, caracterizada por cronicidade, inflamação e descamação epidérmica e distribuída em ampla faixa etária. A abordagem terapêutica deve seguir três vias de ação: controle da inflamação, controle da proliferação fúngica e controle da oleosidade epidérmica.

É válido ressaltar a extrema importância do acompanhamento por utilização de métodos de atenção médica do paciente com medidas não farmacológicas, como indicação de rotinas de higiene adequadas e mudanças em hábitos de vida não condizentes com sua condição clínica.

Cuidados especiais de higiene, com uso de shampoo adequado ao tipo de pele, tornam o tratamento mais fácil e de resolução mais rápida. A palavra de ordem, neste caso, é equilíbrio, que deve vir com o tratamento medicamentoso correto, o qual irá depender da localização das lesões e da intensidade dos sintomas, a alteração de hábitos nocivos e a eliminação dos fatores reguladores.

Normalmente os recém-nascidos não têm cabelos visíveis e não precisam fazer uso de shampoo. Em lactentes e crianças, o uso é mais comum. Não existe uma fórmula pediátrica padronizada. Eles se baseiam, normalmente, em agentes anfotéricos, não iônicos. Enquanto o cabelo é curto, fino e frágil, não é necessário usar shampoos, e o mesmo produto utilizado para o corpo pode ser usado para o cabelo.

Produtos de estilo e modifi cadores da estrutura da haste, como alisantes, devem ser evitados por motivos orgânicos e culturais.

É sempre bom ter em mente que a principal matéria-prima de qualquer formulador é sempre o bom senso!


Pesquisa:Internet

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