11 de setembro de 2022

 


Postagem 4.222

BEDIN V.I.P.

PROF.DR.VALCINIR BEDIN

Prof. Dr. Valcinir Bedin, MD, MSc, Phd, PD
Formação
Médico pela Universidade de São Paulo –USP –Brasil
Mestre em Medicina pela Universidade de Campinas – UNCAMP –Brasil
Doutor em Medicina pela Universidade de Campinas – UNICAMP – Brasil
Pós Doutorado em Educação – Florida Christian University – FCU – EUA

Tricologia

Onde existe pele existe pelo?

Março/Abril 2021

Valcinir BEDIN

colunistas@tecnopress-editora.com.br

A pele é o maior órgão do corpo humano, e o pelo é o seu anexo mais importante. Existem aproximadamente 5 milhões de folículos pilossebáceos espalhados pelo organismo, exceto em cinco locais específicos. A saber: palma da mão, planta do pé, leito ungueal, glande peniana e pequenos lábios vaginais.


Seria possível pensar que não existem pelos nas pálpebras ou nos lábios, mas isso não é verdade. Eles estão presentes, apesar de invisíveis ao olho nu.


Mas por que isso é importante? Para começo de conversa, para as neoplasias. Há tumores de origem folicular que só podem aparecer onde existam folículos. Para um diagnóstico correto, essa informação é de muito valor, se não fundamental.


Quando tratamos de produtos e serviços relacionados aos pelos, também é importante este conhecimento. Outro dado também importante é que o pelo é um anexo da epiderme e, portanto, constituído de células epidermais, quais sejam: queratinócitos e melanócitos. Tratamentos que envolvem retirada deles ou mudança de sua forma ou cor podem envolver a pele adjacente, e isso é muito relevante para o seu sucesso!


Quando falamos de pelos corporais, a ação mais comum é a depilação. Esse é um hábito muito comum, especialmente (mas não só) de mulheres do mundo ocidental. Cada modalidade de depilação, além da retirada de pelos, acarreta numa alteração da pele onde ela é aplicada.


A aplicação de produtos químicos que destroem a queratina com o intuito de destruir o pelo vai, sem dúvida, causar a destruição de parte da epiderme na sua camada mais superfi cial, que é a chamada camada córnea.


Esta, por sua vez, tem função de proteção e de barreira contra a entrada de microrganismos e de cosméticos naturais da pele, sendo responsável pela hidratação natural e pela manutenção do manto hidrolipídico. A sua destruição, mesmo que parcial, causa um desequilíbrio a esse estado, devendo os formuladores ficarem atentos a esse evento.


Produtos de ação química para depilação devem ser formulados associados a hidratantes e mantenedores de pH para minimizar esses danos.


Outra modalidade de depilação é aquela que utiliza ceras, tanto frias quanto quentes. O mecanismo de ação desse método é a quebra mecânica do pelo através da retirada da cera aplicada sobre a pele e os pelos. Apesar de se querer retirar apenas os pelos, inevitavelmente acaba-se retirando parte da camada córnea, especialmente daquelas células já mortas que se colocam mais superficialmente. Quando a retirada é excessiva, é necessário que se faça uma proteção adicional após a depilação, com produtos que, se não conseguem restituir as características do estrato córneo, ao menos têm que dar uma proteção temporária até a recuperação dessa estrutura. O risco fica aumentado para uma infecção bacteriana, por exemplo.


Os métodos mecânicos que usam aparelhos cortantes e lâminas muitas vezes levam à retirada de camadas de células da córnea pelo arrasto delas. Isso pode causar todos os problemas descritos anteriormente e também a obstrução dos óstios foliculares, levando a foliculites e outros processos inflamatórios.


Produtos com características anti-inflamatórias podem ser utilizados para finalizar esse tipo de procedimento.


Um tópico à parte é o que fazemos com os pelos do couro cabeludo, conhecidos na língua portuguesa como cabelos. Além de tratá-los diariamente, o cuidado com a pele adjacente também é muito importante.


Uma característica muito presente no couro cabeludo é a sua vascularização, que é bastante grande. Outra é a presenças de glândulas sebáceas em quantidades que variam de 50 a 150 mil unidades. Isso dá a dimensão dos cuidados que devemos ter quando vamos aplicar qualquer produto químico nos cabelos.


Para se fazer qualquer atividade que envolva o uso de princípios ativos com pH diferente daquele da pele normal (ao redor de 5,5), devemos, sempre que possível, proteger a pele da área na qual estamos trabalhando, de maneiras mecânicas ou químicas.


É sempre importante realizar um teste inicial e prévio, aplicando uma pequena quantidade de produto atrás de uma orelha e esperando ao menos 15 minutos para avaliar a pele. Se ela apresentar vermelhidão, prurido ou descamação, o tratamento deve ser evitado.


É importante lembrar que, antes de tomar alguma atitude em relação ao ocorrido (como pedir para a pessoa lavar os cabelos com água quente), deve-se ter a certeza do diagnóstico, para não piorar a situação. A água quente pode liberar gases ou vapores mais nocivos do que o próprio produto.


Cabe ao formulador o bom senso de elaborar produtos que estejam alinhados com o bem-estar do usuário, e cabe ao profissional que atua no campo ter o discernimento para escolher os melhores produtos para cada caso.

Pesquisa:Internet


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