17 de junho de 2015

Postagem 759
CURIOSIDADE

DON DOMENICO BEDIN




A vida como imigrante na Itália

* Por Rodrigo Rudge Ramos Ribeiro

 Da mesma forma que imigrantes e refugiados sao acolhidos em albergues e casas de acolhidas no Brasil, os migrantes na Itália contam com o mesmo tipo de apoio. Depois de dois anos em Ferrara, no Norte da Itália, Jamile Passarelli recorda as histórias e instantes que viveu enquanto imigrante na casa delle donne, que oferece abrigo a quem ali chega.
Durante esse período na Itália, como chegou até a casa delle donne?
Os obstáculos foram muitos. Cheguei na Itália em 2008, acabei indo para a casa de um amigo em Bolonha, onde sabia já pela Internet que esta não seria a cidade ideal para um estrangeiros chegar, por ser uma cidade com muitos imigrantes. Quando cheguei, precisava de uma declaração de presença na Itália (permisso di soggiorno), que se faz na Questura, no setor de imigração. Lembro-me que o meu amigo italiano que me acompanhava ficava assustado de ver a forma como eram tratados os imigrantes.
Legalmente eu não podia trabalhar sem esse permisso, então saí de Bolonha e fui para Ferrara viver numa casa de acolhida, que se chama casa delle donne e que abriga mulheres de várias partes do mundo com diversos tipos de problemas: mentais, de saúde, de fronteiras, familiares e outros. Fui acolhida pelo padre Don BEDIN que fazia parte de uma associação da igreja católica.
Como você foi acolhida em Ferrara?
Fui eu que busquei acolhimento. Fiquei sabendo de uma associação ligada a Cáritas de Ferrara, a associazioni della casa delle donne di Ferrara. Buscava ajuda e acabei indo morar nesta casa.
Foram onze meses em Ferrara dos quais oito meses estive casa delle donne. No futuro, quero escrever um livro sobre essa experiência: o drama da vida real. Foi tudo muito forte e tive isso tudo como um desafio. Eram oito mulheres que se abrigavam ali, vítimas de diversos tipos de problemas: abandonadas pela família, problemas de saúde e mental e de documentos. Algumas permaneciam mais tempo, por serem casos mais difíceis de resolver. Comigo moraram duas italianas, uma da Lituânia, uma da Moldávia, uma da Romênia, uma dos Camarões e uma do Paquistão.
Havia uma voluntária responsável pela casa, que procurava manter a ordem. Ela passava todos os dias lá e fazia uma ponte entre a associação e a casa. Nós recebíamos apoio para alimentação, saúde, higiene e ainda tinha alguma ajuda para conseguir trabalho de pulizie (limpeza) e volantinagio (panfletagem). Mesmo assim, os problemas eram muitos na casa. Eu também vendia artesanato na porta da igreja na missa aos domingos e fazia trabalho voluntário na cozinha da Cáritas de Ferrara que fornecia almoço e jantar ao público geral.
Hoje como você enxerga essa experiência?
Foi um grande aprendizado, eu convivi com pessoas e realidades que eu nunca havia tido a oportunidade de conhecer. Pessoas de todas as partes do mundo, com diversos problemas de vida. Eu acredito que as pessoas têm que melhorar por si mesmas, mas algumas vezes os problemas são tão grandes que isso é difícil. A pessoa está abrigada num país estrangeiro, longe da família, com problemas de saúde e financeiros. Elas realmente precisam de moradia, alimentação e também de pessoas que as escutem e tentem ajudar. Devagar entendo o alcance da boa vontade. Esse tipo de acolhimento é muito importante, como inclusive foi para mim.
associazioni della casa delle donne: http://www.informadonna.fe.it/
Contato: jamilepassarelli@hotmail.com
* Rodrigo Rudge Ramos Ribeiro é outreach officer da Refugees United e atualmente reside em Portugal.

Pesquisa: Internet

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