31 de outubro de 2018



Postagem 2.390
BEDIN V.I.P.

PROF.DR.VALCINIR BEDIN

- Médico pela Universidade de São Paulo - USP
- Mestre e Doutor em Medicina pela UNICAMP
- Prof. convidado da Universidade Vadois - Lausanne-Suiça
- Prof. e Coordenador do Curso de Pós Grad. em Derma. e em Med. Estética da FTESM - FPS - SBME
- Ex-professor da Faculdade de Medicina de Jundiaí
- Presidente da regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Medicina Estética
- Presidente da Sociedade Brasileira para Estudos do Cabelo
- Diretor do Instituto de Pesquisa e Tratamento do Cabelo e da Pele
- Diretor do CIPE - Centro Integrado de Prevenção do Envelhecimento
- Ex-delegado do Conselho Regional de Medicina de São Paulo


Diretor do Instituto de Pesquisa e Tratamento do Cabelo e da Pele 


Tinturas e reclamações
Valcinir BEDIN
colunistas@tecnopress-editora.com.br

Valcinir BEDIN

A longo dos séculos, o cabelo distanciou-se de sua real importância: a de proteger. Transformado em símbolo de status, poder, beleza e força, sempre teve um papel muito mais ligado ao ego do que à anatomia em si. Achados arqueológicos, como pentes e navalhas feitos em pedra, mostram isso - primeiro entre os homens, que desde a Antiguidade tinham o hábito de barbear-se e cortar o cabelo.

O costume de tingir os fi os também é muito antigo. Arqueólogos encontraram indícios de que, já na época dos neandertais, os humanos têm buscado várias maneiras para mudar a cor tanto dos cabelos quanto da pele. Na China e na Índia, por exemplo, era comum pintar os cabelos utilizando raízes ou elementos da própria terra, como argilas. No Antigo Egito, a prática de mudar a cor das madeixas era muito comum. As razões eram muitas: guerras, religiões e até mesmo o padrão de beleza da época. Entre os materiais usados, estavam tanto os de origem vegetal – hena e camomila, por exemplo – quanto os compostos metálicos, como óxidos. As misturas primitivas permitiam apenas escurecer os fios, mas, depois, foram encontrados métodos para deixá-los loiros, a partir de sua exposição à luz do sol durante horas.

Ao longo da História, muitos procedimentos foram adotados para produzir um espectro completo de cores de tinturas capilares. Os antigos gauleses e saxões tingiam seus cabelos de variados tons vibrantes para mostrar sua posição e provocar medo em seus inimigos nos campos de batalha. Homens babilônicos salpicavam os cabelos com pó de ouro.

No final do século XIX, com a descoberta de compostos orgânicos utilizados na indústria têxtil, as pesquisas nessa área foram estendidas a materiais para colorir os cabelos. Em 1907, o fundador da L’Oréal, E. Schuller, criou a primeira tintura sintética. Baseando sua fórmula em um novo componente químico, a parafenilenediamina, ele criou a Fábrica de Tinturas Inofensivas para Cabelos. Um ano depois, Schuller escolheu um nome mais glamoroso para sua empresa: L´Oréal. A tintura mais famosa da companhia, Imedia, apareceria em 1927.

Foram os egípcios que começaram a usar a hena para fins estéticos – não somente as mulheres, como também os homens, já que a prática identificava o nível social a que pertenciam. Já os fenícios, gregos e romanos empregavam a casca de noz, entre outros métodos bastante rudimentares oriundos da natureza.

Mas foram os romanos que, aproveitando-se de velhas fórmulas usadas por sacerdotes gregos, incrementaram o hábito de colorir os cabelos e organizaram profi ssionalmente as pessoas que detinham esse conhecimento social. Assim surgiram as cosmetas (encarregadas do penteado); as cinofles (que preparavam e aplicavam os produtos para coloração); as cinerárias (que esquentavam os ferros para ondular as cabeleiras); as calamistas (que ondulavam os fios); e as psecas (responsáveis pelos últimos retoques no penteado).

Na Antiguidade, as tinturas eram feitas com amoras esmagadas e extratos de plantas e aplicadas nos fios como um creme rinse. Nos séculos XVII e XVIII, as mulheres aplicavam óleo e pó para conseguir cores mais claras.

Em 1600, Veneza, Firenze e Salerno competiam nas técnicas de estilo e perfumação do corpo e dos cabelos. O conceito de “estética capilar beleza veneziana” prescrevia horas de tratamento nos terraços, expondo ao sol os cabelos borrifados com um preparado clareador chamado “a loira” e com outro de resultado castanho amarelado, denominado “louro veneziano”.

A palavra inglesa “claim” tem dois significados distintos. Quer dizer tanto reivindicação e atributo, como reclamação. Quando falamos em itens de beleza, o termo “claims” está mais relacionado às qualidades atribuídas a eles pelo fabricante, isto é, àquilo que ele apregoa que seu produto pode fazer.

Um trabalho desenvolvido pela Profa. Dra. Maria Valéria Robles, da Universidade de São Paulo (USP), mostrou que os produtos para tratamento capilar – entre eles os shampoos, condicionadores, finalizadores e as tinturas – foram os que mais tiveram problemas em relação às expectativas de resultados, quando avaliados pelos consumidores.

Ao fazermos uma pequena busca na internet a respeito da insatisfação nesse segmento, o que mais vemos é a discrepância entre a cor mostrada no catálogo e aquela obtida após a tintura.

Claro que há reclamações de todos os tipos, como “meu cabelo caiu todo”, “meus cabelos ressecaram demais” etc. Mas, apesar das possíveis dificuldades técnicas associadas ao ato de pintar as madeixas, os fabricantes precisam fi car mais atentos, especialmente quando o departamento de marketing resolve agir isoladamente, sem consultar as outras áreas da empresa, e impõe “claims” que, sabidamente, não serão obtidos na prática. Aí, com certeza, um outro departamento – o que recebe as reclamações – vai acabar sendo acionado.

Pesquisa: Internet

Nenhum comentário:

Postar um comentário