8 de agosto de 2022

 

 Postagem 4.135

BEDIN V.I.P.

PROF.DR. VALCINIR BEDIN 


Prof. Dr. Valcinir Bedin, MD, MSc, Phd, PD
Formação
Médico pela Universidade de São Paulo –USP –Brasil
Mestre em Medicina pela Universidade de Campinas – UNCAMP –Brasil
Doutor em Medicina pela Universidade de Campinas – UNICAMP – Brasil
Pós Doutorado em Educação – Florida Christian University – FCU – EUA

Tricologia
O Brasil e suas raízes africanas

Maio/Junho 2015
Valcinir BEDIN
colunistas@tecnopress-editora.com.br


No Brasil, aproximadamente 60% da população apresenta cabelo afro-étnico ou extremamente encaracolado.

Do ponto de vista anatômico da estrutura da fibra capilar, temos: medula, córtex e cutícula. A medula é uma camada cilíndrica e fina, que ocorre na região central da fibra capilar, podendo não estar presente nos fios tipo velus. O córtex é o principal componente da haste do cabelo, sendo a parte que dá o volume à haste e que garante a resistência mecânica do fio. A cutícula é a parte mais externa da haste capilar, composta por células sobrepostas, como telhas, e está localizada na superfície da fibra capilar.

A distribuição da queratina dentro do córtex é responsável pelas propriedades físicas e mecânicas do cabelo. Essas propriedades são: resistência ao estiramento, elasticidade, poder hidrofílico e propriedades de superfície. O cabelo afro-étnico é extremamente ondulado quando comparado com o caucasiano, embora tenha composição de aminoácidos similar. Apresenta grande variação de diâmetro, menor conteúdo hídrico e forma elíptica. As diferenças anatômicas e físico-químicas entre as fibras capilares extremamente encaracoladas e aquelas naturalmente lisas evidenciam suas peculiaridades e a necessidade de cuidados específicos, bem como o emprego de produtos cosméticos desenvolvidos para esta etnia e técnicas de manuseio e estilização adequadas.

O cabelo afro-étnico tem curvaturas estruturais muito maiores quando comparado com o caucasiano. Isso faz com que ele fique mais suscetível à manipulação mecânica, levando a um maior desgaste no ponto de curvatura, que pode acarretar danos irreversíveis.

Esta informação se torna mais importante quando falamos de tratamentos químicos estéticos aos quais eles são submetidos a fim de se adequarem à moda do momento. Quando se fala de conteúdo de aminoácidos, não existem diferenças entres as várias formas de cabelo, mas a disposição das pontes químicas (salinas, de hidrogênio ou bissulfidricas), que são responsáveis pela estrutura final da haste, é totalmente diferente, o que confere a forma especial desses cabelos.

Algumas características especiais estão presentes nos cabelos afro-étnicos: variação de diâmetro em vários pontos ao longo do fio (o diâmetro nas torções é menor que nas demais áreas), menor conteúdo hídrico, torceduras com alteração de direções aleatórias, achatamento acentuado e forma elíptica.

As fibras do cabelo apresentam-se retorcidas em várias regiões ao longo do fio, o que não ocorre nos cabelos caucasianos, nos quais elas se apresentam de forma cilíndrica.

Quando se trata de propriedades físicas dos cabelos, falamos de resistência ao estiramento, elasticidade, poder hidrofílico e propriedades de superfície.

As propriedades de tensão dos cabelos afro-étnicos indicam que ele possui baixa resistência à quebra quando comparado com o caucasiano.

Nos afrodescendentes, a lubrificação, que é dada pela produção das glândulas sebáceas, apresenta, frequentemente, atividade reduzida. Essas glândulas secretam quantidade inadequada de lipídios. Por esse motivo, o couro cabeludo e os fios são hidratados em uma menor proporção, pois apresentam lubrificação irregular.

Por conta das curvas, os cabelos mais encaracolados ficam mais frágeis e mais propensos à quebra quando manipulados física ou quimicamente, especialmente quando falamos de escovas progressivas, que envolvem, além dos produtos, o calor como componente essencial do seu resultado.

Externamente, temos a cutícula do cabelo, que nos caucasianos apresenta de 6 a 10 camadas, enquanto nos afro-étnicos é variável, com 6 a 8 camadas (nos fios ou parte deles com maior diâmetro) e de 1 a 2 camadas (nas curvaturas das ondulações e nos fios com diâmetros menores). Isso faz com que as propriedades de tensão do cabelo afro-étnico levem a menores valores de força necessários para sua ruptura, quando comparados ao cabelo naturalmente liso.

A resistência ao estiramento, de ruptura ou solidez, ocorre em função do diâmetro do cabelo e das condições do córtex e é afetada negativamente pelos tratamentos químicos.

Essas diferenças anatômicas e físico-químicas entre as fibras capilares extremamente encaracoladas e aquelas naturalmente lisas levam à necessidade de cuidados específicos, bem como o emprego de produtos cosméticos destinados a estas etnias.

Também é importante notar que técnicas de manuseio e de estilização adequadas, evitando a ocorrência de danos irreparáveis aos cabelos afro-étnicos, mais frágeis e ressecados, são necessárias.

O acúmulo de conhecimento científico envolvendo a elucidação das propriedades estruturais, físicas e mecânicas dos cabelos afro-étnicos propiciou elevar o conhecimento de suas peculiaridades, o desenvolvimento de produtos cosméticos característicos e técnicas de manuseio capilar apropriadas, mas ainda temos um longo caminho pela frente no sentido de ampliar o acesso dessa grande camada da população ainda desvalida economicamente


Pesquisa:Internet

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