4 de setembro de 2019

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BEDIN V.I.P.

ELÓI BEDIN 

Elói BEDIN 

‘Abandonadas’, margens da BR-163 viram combustível para incêndios em MT
Agricultores que tiveram fazendas atingidas pelo fogo em Sorriso culpam concessionária responsável pela manutenção da estrada pelos danos

02 de setembro de 2019 às 15h55

Vegetação seca ao lado da rodovia movimentada. Combustível perigoso para a ocorrência de incêndios, que se tornaram frequentes no médio-norte de Mato Grosso. Quem tem fazenda nas margens da BR-163 está em alerta. O fogo – muitas vezes sem controle –ameaça áreas de cultivo, às vésperas do início de mais uma safra.

O Moacir Smaniotto precisou da ajuda dos funcionários e de vizinhos para salvar das chamas a área de cinco mil hectares de palhada de milho, além de todo o algodão recém-colhido. Ele responsabiliza a empresa que detém a concessão da estrada. “O fogo aqui começou na borda da rodovia, na faixa de domínio que é de responsabilidade da empresa, que cobra pedágio para que a gente ande, mas que não cuida do lado da rodovia como deveria. Eles não tem um tanque d’água, não tem uma prevenção de incêndio e não tem nada, fica tudo a cargo do produtor que ainda no final acaba sendo a pessoa que é acusada dos danos”, acusa o agricultor. Ele diz ainda que a faixa de domínio “está abandonada”, comparando a atual situação com vivenciada antes da concessão da estrada: “quando essa faixa de domínio não era privatizada, os produtores deixavam mais limpo. Hoje a gente vai tentar limpar e é ‘esculhambado’, é retirado da área. Não podemos fazer limpeza dessas áreas”, desabafa Smaniotto, alertando para o risco de que qualquer “faísca” que atinja uma destas áreas pode colocar em risco as fazendas.


Foto: Pedro Silvestre

Quem também está insatisfeito com as condições das margens da BR-163 é o agricultor Elói BEDIN. Há três semanas ele não conseguiu evitar que o fogo atingisse a propriedade dele. Quase duzentos hectares de palhada foram destruídos, assim como as melhorias no solo ao longo de dez anos de plantio direto na área. “Perdi perto de uns R$ 3 mil por hectare! Sem falar no prejuízo da matéria orgânica, que só vai ser compensado ao longo de seis, sete anos. Isso também vai interferir na produtividade da minha próxima safra de soja, que deve cair em torno de 7 sacas por hectare no primeiro ano”, calcula. O agricultor diz ainda que o poderia ter sido evitado, se a concessionária responsável pela BR-163 não tivesse negado ajuda. A empresa tem uma base operacional na frente da fazenda do Elói, mas não atendeu o pedido do produtor. “Ainda não tinha mais do que 16 metros quadrados de incêndio. Meus funcionários solicitaram para eles o caminhão-pipa mas eles se recusaram de vir aqui. Disseram que não tinha acesso para vir com o caminhão até aqui e que o ‘lado de cá’ da cerca não pertencia a eles… custava ter vindo aqui?”, indaga.


Foto: Pedro Silvestre

Número de propriedades rurais atingidas pelo fogo aumenta em Sorriso
Em épocas de forte estiagem e temperaturas elevadas, quem vive no campo mantém-se sempre sob estado iminente de alerta contra o fogo. Só que nem sempre é possível evitar que as chamas atinjam as propriedades. Um levantamento preliminar do Sindicato Rural de Sorriso aponta que o número de queimadas e incêndios registrados em propriedades rurais cresceu 25% no município, na comparação com mesmo período do ano passado. Agricultor e presidente do Sindicato Rural, Tiago Stefanello reforça que a maior parte dos casos teve início do lado de fora da porteira. “Essas queimadas partem da beira das estradas, da beira de rodovias, são queimadas – na sua totalidade – 100% criminosas, cometidas por pessoas que não têm conhecimento do prejuízo que estão causando para os agricultores e para uma região toda. Mais de quinze propriedades já pegaram fogo, propriedades de tudo o que é tamanho! É um dado alarmante e nos preocupa muito. O produtor investe o dinheiro dele na terra aí vem o fogo e lambe e leva tudo embora”, analisa.

O que diz a concessionária?

Em nota encaminhada pela assessoria de imprensa, a Rota do Oeste “esclarece que a chegada da concessionária em Mato Grosso, em 2014, mudou radical e positivamente a capacidade de combate a incêndios na vegetação próxima à rodovia, tanto pelo viés preventivo, quanto pela atuação durante as ocorrências. Vários fatos comprovam esta afirmativa, desde a redução paulatina da incidência de queimadas até o reconhecimento das próprias autoridades locais, como o Corpo de Bombeiros.
Desta forma, a empresa entende que reclamações pontuais não podem se sobrepor ao trabalho e aos resultados apresentados até aqui. Este ano, mesmo com um aumento de 95% nos focos de calor em todo o Mato Grosso, os registros de focos de incêndio na BR-163 reduziram. Entre 15 de julho e 31 de agosto de 2019, a Rota do Oeste foi acionada para atender 87 ocorrências, sendo que em 2018 foram 93 casos.
Para realizar os serviços de limpeza, roçada e formação de aceiros (remoção de vegetação em uma faixa de três metros de largura para prevenir a passagem do fogo), a Rota do Oeste conta com oito equipes e tratores. O contrato prevê que a roçada (poda do mato) seja feita do bordo da pista a uma distância de quatro metros na faixa de domínio e o parâmetro é cumprido integralmente.
Sobre o caso específico registrado em 11 de agosto, vale destacar que os funcionários da Rota do Oeste são treinados para atuar no combate de pequenas chamas. O incêndio registrado na ocasião era de médio porte, existindo a necessidade da atuação do Corpo de Bombeiros, que é o órgão competente para atuar em ocorrências deste porte. A Instituição foi imediatamente acionada para atendimento da situação e contou com apoio e suporte do aparato da Concessionária, por meio da disponibilização de caminhão-pipa.
A proporção do incêndio e a atuação da Rota do Oeste junto ao Corpo de Bombeiros foram divulgadas em boletim emitido pela própria Instituição, informando ainda que após atuar no primeiro foco de incêndio, as chamas voltaram e o resfriamento da área foi realizado exclusivamente pela Rota do Oeste, uma vez que as equipes do Corpo de Bombeiros estavam empenhadas em outras ocorrências registradas em Sorriso.

Pesquisa:Internet

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