28 de março de 2021

  

Postagem 3.477

BEDIN V.I.P.

 
FERDINANDO GIUSEPPE BEDIN 

ROGÉRIO BEDIN 


Vinhos, tortas e muita história no casarão da Rua Coronel Flores

Fachada de pedra da construção, datada de 1910, é um dos símbolos do bairro São Pelegrino

24/03/2021 - 11h18min
Rodrigo Lopes

 Studio Geremia / Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami,divulgação

Studio Geremia / Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami,divulgação

O casarão dos BEDIN à época em que foram concluídas as obras de calçamento do trecho, em 1942. À esquerda, a residência da família Germani e o Moinho Germani. Ao fundo, a caixa d´água e parte da antiga Viação Férrea do Rio Grande do Sul
Studio Geremia / Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami,divulgação
Não há casarão antigo mais emblemático na Rua Coronel Flores do que o majestoso exemplar em madeira e pedra situado entre a Augusto Pestana e a Os Dezoito do Forte, em São Pelegrino. Espécie de clássico do bairro, ele tem sua história atrelada à trajetória das famílias BEDIN e Guidali, sendo que a construção remete aos primórdios do século 20 – mais especificamente à época da chegada do trem, em 1910, a poucos metros dali.


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Parte dessa história foi destacada na publicação Memórias de Caxias do Sul pelo Viés do Patrimônio Tombado, lançado pela jornalista Heloisa Mezzalira em 2008 – o casarão foi inscrito no Livro de Tombo do Município em 8 de setembro de 2003.Consta na publicação:

“A facilidade logística proporcionada pelo transporte ferroviário levou muitos produtores a instalarem-se nas proximidades da estação férrea. Ferdinando Giuseppe BEDIN foi um deles. Habitava com a família na Linha 60, onde produzia vinho comercialmente. Com a chegada do trem, comprou um pedaço de terra vizinho à estação e construiu ali uma casa de dois pavimentos  para abrigar sua cantina”.

Em 1923, seu filho Ruggero (Rogério) casou-se com a jovem e exímia doceira Hermínia Guidali, indo morar com a família no andar superior e dando continuidade ao negócio. Com a saída da vinícola, o andar térreo da residência passou a funcionar como casa comercial. Alguns anos mais tarde, as três portas do térreo foram fechadas e transformadas em janelas – configuração que permanece até hoje. A partir daí o pavimento começou a ser utilizado como residência.


Aliás, um olhar mais atento à fachada contribui para se perceber essa mudança – os janelões do segundo andar são completamente diferentes das aberturas do primeiro. Os detalhes da arquitetura também foram mencionados por Heloisa Mezzalira no livro:

“A construção combina os três materiais mais utilizados na região desde o final do século XIX: pedra, tijolo e madeira (nas laterais e internamente). A fachada tem a base em pedra, corpo em alvenaria e coroamento com platibanda.”

 Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami / divulgação 

Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami / divulgação

O casarão da família BEDIN à época da Cantina Guanabara, sediada no primeiro pavimento, rente à Coronel Flores. Imagem destaca as obras de rebaixamento da rua, por volta de 1925
Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami / divulgação
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A Cantina Guanabara
Nas imagens desta página, alguns registros do casarão na primeira metade do século 20. Acima, o “trabalho de desaterro na Rua Coronel Flores”. Na sequência, a “Rua Coronel Flores depois de terminada, macadamizada e arborizada”.

As duas imagens integraram o relatório apresentado pelo intendente Celeste Gobbato ao Conselho Municipal em 31 de dezembro de 1925, referente ao período de 12 de outubro de 1924 a 31 de dezembro de 1925. Repare na inscrição destacando a Cantina Guanabara (na platibanda) e a sociedade “BEDIN & Oliveira” – o térreo, onde funcionava a cantina, “subiu” com o rebaixamento (foto abaixo).

 Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami / divulgação

Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami / divulgação

O casarão e a rua com as obras concluídas, em 1925, durante a gestão do intendente Celeste Gobbato
Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami / divulgação
Pavimentação na década de 1940
Abaixo e na foto que abre a matéria, o casarão em 1942, época em que foi concluído o calçamento do trecho. Em ambas as imagens, à esquerda, vê-se a residência da família Germani e o Moinho Germani. Ao fundo, a caixa d’ água e parte da antiga Viação Férrea do Rio Grande do Sul.

 Studio Geremia / Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami,divulgação

Studio Geremia / Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami,divulgação

O casarão em meio às obras de calçamento da Rua Coronel Flores, em 1942
Studio Geremia / Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami,divulgação

Aniversário de 15 anos de Zila Guidalli em 1940Aniversário de 15 anos de Zila Guidalli em 1940
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As tortas de dona Hermínia
Por décadas, alguns dos mais saborosos doces produzidos em Caxias saíram da cozinha do centenário casarão da Coronel Flores, Foi lá que morou, desde 1923, dona Hermínia Guidali Bedin, esposa de Rogério BEDIN– cuja trajetória foi recordada no Primeiro Encontro da Família Guidali, ocorrido em 12 de dezembro de 2015.

 Embora grande parte das mulheres da família Guidali tivesse mão certeira na cozinha, dona Hermínia – e posteriormente a filha Raly – foi insuperável nas tortas e nos doces. Entram aí as tradicionais Martha Rocha, Amaretti, Macron, as de nozes e amêndoas, além dos camafeus, torrones e dezenas de outras iguarias carameladas que seduziram gerações e gerações de consumidores.

Tanto que uma das imagens mais lembradas pelos clientes era a de dona Hermínia, sentada em um canto da cozinha, quebrando as nozes que recheariam suas lendárias criações.

 Acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami / divulgação

Acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami / divulgação

Ícone desde 1910: o casarão de pedra e madeira em meio às obras de rebaixamento do trecho, nos anos 1920

Acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami / divulgação

Pesquisa:Internet

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