16 de julho de 2022

 

 Postagem 4.083

BEDIN V.I.P.

PROF.DR. VALCINIR BEDIN


Prof. Dr. Valcinir Bedin, MD, MSc, Phd, PD
Formação
Médico pela Universidade de São Paulo –USP –Brasil
Mestre em Medicina pela Universidade de Campinas – UNCAMP –Brasil
Doutor em Medicina pela Universidade de Campinas – UNICAMP – Brasil
Pós Doutorado em Educação – Florida Christian University – FCU – EUA

Tricologia
Neurocosméticos e produtos capilares

Novembro/Dezembro 2008
Valcinir BEDIN 

colunistas@tecnopress-editora.com.br

Valcinir BEDIN

A pele é dotada de um sistema particular e efetivo de comunicação e controle cuja função é proteger o organismo do meio ambiente. Este sistema engloba um outro sistema altamente denso e especializado de nervos autônomos e sensoriais distribuídos por todas as camadas da pele. A informação que passa por essa rede é processada no sistema nervoso central e pode produzir uma reação inflamatória, por meio da propagação dos impulsos. A atividade de resposta de um nervo pode ser determinada por neuropeptídeos liberados e receptores das estruturas-alvo correspondentes.

A beta-endorfina é um neurotransmissor peptídeo produzido sua maior parte no sistema nervoso central onde promove efeito analgésico e sensação de euforia quando ligado a receptores opiáceos. Já está provado que existe um sistema complexo e funcional de receptores de endorfina na pele. A beta-endorfina estimularia a migração de queratinócitos e estaria envolvida nos processos de reparação de feridas. Estariam também envolvidas no processo de bronzeamento. A importância do papel dos hormônios sobre os neurônios e sua correspondente reação química tem causado muito interesse na indústria de cosméticos. As recentes descobertas de que não somente o sistema nervoso central, mas também a pele é influenciada por beta-endorfinas e receptores opiáceos levaram ao desenvolvimento de novos ativos que têm propriedades semelhantes às da endorfina. Em 2007, no programa do Encontro Anual da Sociedade Norte-americana de Químicos Cosméticos, em Nova York, foi feita a primeira menção oficial a uma nova categoria de cosméticos, denominada “neurocosméticos”. Isso se deveu ao fato de os profissionais terem descoberto o sistema nervoso cutâneo.

Mas, afinal, o que é realmente um neurocosmético? É um produto que contém substância ativa cujo alvo são as terminações nervosas sensíveis ao calor, frio, dor, prurido e pressão. Esses receptores enviam sinais por meio de fibras da pele para a coluna e, em seguida, para o córtex cerebral.

Como exemplo mais simples temos o etanol, que age por meio da evaporação, criando uma sensação de frio. Outros compostos, como o éter ou aldeído acético, são até mais potentes. Entretanto, a evaporação é um modo de ação que não qualifica estes materiais como neuroativos.

Cosméticos agem sobre neurônios há muito tempo. O efeito refrigerante do mentol é um exemplo. O mentol, que age sobre termorreceptores para dar a sensação de frio, também pode causar a sensação de dor ou calor. Da mesma forma, a capsaicina pode causar sensação de calor. Obviamente, inúmeros ingredientes químicos podem desencadear impulsos nervosos.

Hoje temos as neurotrofinas, uma família de fatores de crescimento polipeptídeos. O mais importante membro desta família é o Fator de Crescimento Nervoso (NGF, sigla em inglês), necessário para a sobrevida de algumas classes de neurônios, incluindo alguns da pele. Testes mostraram que fatores neurotróficos, derivados do cérebro, regulam alguns mecanoreceptores cutâneos. Uma vez que a preservação da rede neurocutânea é benéfica para a pele, esta preservação é o local lógico da ação dos neurocosméticos.

Sabe-se que o NGF, como quase todos os compostos bioquímicos na natureza, diminuem sua atividade com o tempo. Acetilcolina, dopamina, adrenalina e serotonina são alguns exemplos de químicos neuroativos.

Peptideos biomiméticos, produzidos sinteticamente, podem replicar uma seqüência pequena, mas ativa, de aminoácidos neuromoduladores e torná-los disponíveis na derme. Uma vez que os dipeptídeos podem ser atacados por enzimas da pele, dipeptídeos decarboxilados têm sido usados para evitar esta destruição enzimática, enquanto mantêm a atividade semelhante dos neuropeptideos naturais. Algumas empresas já têm utilizado estes peptídeos em seus produtos finais, alguns em combinações com extratos vegetais e botânicos. Ainda não temos notícia da utilização dos neurocosméticos nos processos de tratamento dos problemas capilares, mas nos parece ser só uma questão de tempo.

Entender os processos do envelhecimento cutâneo e dos cabelos ainda está longe do fim, mas as possibilidades de se criar produtos novos e mais eficazes parece ser interminável. Os neurocosméticos são apenas um passo nessa direção.


Pesquisa:Internet





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