22 de julho de 2022

 

Postagem 4.095

BEDIN V.I.P.

PROF.DR. VALCINIR BEDIN 


 Prof. Dr. Valcinir Bedin, MD, MSc, Phd, PD
Formação
Médico pela Universidade de São Paulo –USP –Brasil
Mestre em Medicina pela Universidade de Campinas – UNCAMP –Brasil
Doutor em Medicina pela Universidade de Campinas – UNICAMP – Brasil
Pós Doutorado em Educação – Florida Christian University – FCU – EUA

Tricologia
Clareadores e colorantes para cabelos

Maio/Junho 2012
Valcinir BEDIN

Colunistas@tecnopress-editora.com.br

Valcinir BEDIN
Os cabelos loiros começaram a atrair os romanos há mais de 2.000 anos, quando eles invadiram a Gália e os viram pela primeira vez na cabeça dos escravos. Como forma de sedução, os nobres de então confeccionavam perucas com os cabelos dos derrotados, e, quando tiveram conhecimento suficiente, iniciaram o uso de pomadas descolorantes.

Conta-nos o historiador Plínio que uma das fórmulas mais utilizadas naquela época era feita de uma mistura de cinzas de faia e sebo de cabras, em forma de pasta ou líquido.

Na época do renascimento italiano, as mulheres de Veneza ficavam de 3 a 4 horas sob o Sol, com os cabelos impregnados de lixívia cáustica, fazendo uso de um chapéu sem fundo, desenvolvido para este fim, para obter um “loiro veneziano”.

O primeiro relato sobre a aplicação de água oxigenada nos cabelos com a intenção de descolorir é de 1867, na França, onde o inglês Thiellay aplicou-a, com sucesso, na forma de “10 volumes”, criando a base de quase todos os descolorantes usados até hoje.

Hoje, a descoloração dos cabelos é realizada com um destes objetivos: clarear os fios com intuito estético ou prepará-los para a aplicação de tintura que seja mais clara que a cor original.

A cor natural dos cabelos é dada pela melanina, pigmento proteico produzido no retículo endoplasmático do melanócito. Existem dois tipos de melanina: a de coloração marrom-acastanhada, de forma granulada, chamada de eumelanina, e a amarelada ou avermelhada, difusa, chamada de feomelanina. A cor final dos fios vai depender da interação entre essas qualidades.

Na descoloração, que é um processo com fases, percebe-se que os pigmentos granulosos diminuem gradativamente à medida que os difusos tornam-se mais aparentes, o que denota, provavelmente, que os pigmentos granulosos sejam mais sensíveis aos produtos oxidantes e, portanto, sejam destruídos primeiramente, deixando antever a parte difusa.
Outra teoria diz que os pigmentos granulosos podem ser solubilizados, transformando-se em pigmentos difusos.

Quando o processo se prolonga, pode ocorrer a destruição total de todos os pigmentos, levando os cabelos a ficarem brancos. Quando se quer tonalidades avermelhadas ou acastanhadas, pode-se interromper esse processo em algum momento e assim obter essas colorações.

Os grãos de melanina são fixados à queratina por meio de polipeptídios, que fazem parte da própria matriz proteica do pigmento. Para atingir esses grãos é necessário transpor a queratina e o suporte proteico da melanina.

Praticamente todos os descolorantes são oxidantes alcalinos, cuja função é solubilizar os grãos de melanina, mas essa solubilização está sempre ligada à ruptura oxidante das pontes de dissulfeto da trama proteica e, em última instância, a uma consequente modificação das propriedades físicas e químicas dos cabelos.

A utilização de corantes capilares está associado à descoloração. Corantes capilares permanentes começaram a ser usados pelas pessoas com mais frequência após 1945. Por volta de 1965, aproximadamente 40% das mulheres adultas utilizavam corantes capilares permanentes.

As tinturas de cabelo são misturas complexas de corantes e a sua principal via de exposição é dérmica. Podem ser classificadas como oxidantes (permanentes) ou diretas (semipermanentes ou temporárias).

Historicamente, a utilização do termo “semipermanente” foi reservada para tinturas pré-formadas de materiais corantes, que são utilizados diretamente sobre o cabelo sem a necessidade de ocorrer o desenvolvimento de cor por meio de reações químicas de oxidação. Mais recentemente, as embalagens de produtos para colorir os cabelos têm trazido a terminologia “semipermanente mais duradoura” ou “demi-permanente”, para que estas evidenciem que esses produtos proporcionam durabilidade maior da cor do que corantes diretos, mas inferior à dos corantes capilares permanentes.

Devido às diferenças de exposição a produtos químicos e a processos oxidantes (versus não oxidantes), é importante fazer distinção entre esses tipos de produto, por meio de estudos sobre os potenciais efeitos adversos de tinturas de cabelo na saúde.

Questões que se colocam frequentemente é o uso de descolorantes e colorantes durante a gestação e os eventuais efeitos carcinogênicos desses produtos.

Até onde se sabe, e até porque a gestação é um período fisiológico da vida da mulher, o uso desses processos não tem interferência na gravidez e, portanto, não deve ter nenhuma influência no desenvolvimento do feto. O que existe é uma eventual indisposição ou um processo alérgico, que pode acontecer em qualquer momento da vida.

Para finalizar, a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC, na sigla em inglês) concluiu, no relatório de 1993, que “o uso pessoal de corantes de cabelo não pode ser avaliado quanto à sua carcinogenicidade”, devido à evidência inadequada.

Estudos posteriores podem e devem ser conduzidos sempre no sentido de proteger o consumidor final.


Pesquisa:Internet

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