21 de fevereiro de 2024


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BEDIN V.I.P

HISTÓRIA - A IMIGRAÇÃO ITALIANA PARA O BRASIL

Itália é a Lombardia no Brasil: entre imigração e contemporaneidade

por Guilherme Balista

No Brasil, desde que conquistou a independência de Portugal, a imigração tem estado no topo da agenda intelectual e política do país. Isto deveu-se sobretudo à vasta extensão do seu território, à necessidade de militares para garantir a defesa do país, à necessidade de mão-de-obra e, portanto, por necessidades económicas de outra ordem.

Especialmente no final do século XIX, a imigração começou, no entanto, a assumir novas formas, fruto da situação internacional da época. Na verdade, enquanto a Europa vivia a chamada “transição demográfica”, com um grande aumento populacional devido às melhorias na agricultura, à diminuição das taxas de mortalidade e à mobilidade das pessoas facilitada pelas ferrovias e navios a vapor, o Brasil vivia um período de expansão da sua produção de café, complementada com um aumento nas oportunidades de emprego. Com o fim da escravidão, houve também a necessidade de contratação de mão de obra contratada.

É neste contexto que ocorre a imigração italiana para o Brasil. Entre 1884 e 1959, 4.734.494 imigrantes entraram no país, incluindo 1.507.695 italianos, principalmente devido ao estímulo governamental em grande escala. A fase migratória mais importante ocorreu no início do período republicano, durante o qual se preferiu a entrada de famílias em vez de indivíduos, a maioria dos quais vindos do Vêneto, Campânia, Calábria e Lombardia.

Os italianos chegaram inicialmente à região Sul do Brasil, onde se estabeleceram colônias de imigrantes italianos. No século XIX, o governo brasileiro criou as primeiras comunidades, fundadas em áreas rurais como Serra Gaúcha, Garibaldi e Bento Gonçalves (1875). Após cinco anos, devido ao grande número de imigrantes, o governo criou uma nova colônia italiana em Caxias do Sul . Nessas regiões, os italianos começaram a cultivar uvas e a produzir vinho. Atualmente, e talvez não surpreendentemente, essas áreas produzem os melhores vinhos do Brasil. Ainda em 1875, foram fundadas as primeiras colônias catarinenses em Criciúma e Urussanga e, pouco depois, as do Estado do Paraná.

Embora a região Sul tenha recebido os primeiros italianos, foi a região Sudoeste que recebeu, no geral, o maior número de imigrantes vindos da Itália. Isso se deveu ao processo de expansão das lavouras de café no Estado de São Paulo.

Os italianos começaram a se expandir para Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. A maioria absoluta deles tinha o campo como destino inicial dos trabalhos agrícolas. Muitos, após anos colhendo café, economizaram dinheiro suficiente para comprar as terras em que trabalhavam e, assim, tornaram-se agricultores. Outros partiram para grandes centros urbanos (como a cidade de São Paulo), devido às péssimas condições de trabalho no campo.

Os italianos participaram ativamente do processo de industrialização brasileiro, representando, em 1901, 90% dos trabalhadores ocupados nas indústrias paulistas. Devido ao grande número de trabalhadores imigrantes vindos da Itália, este grupo participou da formação do movimento operário no Brasil.

A imigração italiana para o Brasil continuou até a década de 1920, quando o regime nacionalista de Benito Mussolini começou a regular as saídas de italianos. Com a Segunda Guerra Mundial, a declaração de guerra do Brasil à Itália e a contínua recuperação da economia italiana, a chegada de italianos ao país sofreu uma diminuição significativa.

Em 2013, a embaixada italiana em Brasília informou que existem aproximadamente 30 milhões de descendentes de italianos no país (quase 15% da população brasileira), metade deles residindo apenas no estado de São Paulo. Só a cidade de São Paulo tem cerca de 11 milhões de habitantes, dos quais quase 6 milhões são ítalo-brasileiros, ou seja, 55% da população local. Para se ter uma ideia desse grande percentual, é interessante compará-lo com a maior cidade da Itália – Roma, que, hoje, tem cerca de 3,8 milhões de habitantes, ou seja, menos italianos do que na capital São Paulo. Segundo pesquisa de 2016 publicada pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), fundação do governo federal brasileiro, em uma amostra de 46.801.772 nomes de brasileiros analisados, 3.594.043, ou 7,7%, tinham sobrenome de origem italiana.

Os ítalo-brasileiros são considerados a maior população de nativos fora da Itália. Não constituem um grupo étnico separado da população local, mas são parte integrante e enraizada da sociedade do país. Eles mantêm os costumes tradicionais italianos, assim como parte da população brasileira, que os absorveu devido ao impacto da imigração.

Muitas características culturais italianas, posteriormente incorporadas à cultura do país e presentes até hoje, foram trazidas na bagagem por emigrantes lombardos e italianos para o Brasil. Entre as inúmeras contribuições podemos citar o uso do “olá” em todo o Brasil, os sotaques dos brasileiros, principalmente na cidade de São Paulo, na Serra Gaúcha, no sul de Santa Catarina e no interior do Estado do Espírito Santo; a introdução de novas técnicas agrícolas e de alguns pratos que se tornaram parte integrante da tradição culinária brasileira, como pizza, espaguete, colomba de Páscoa e panetone de Natal.


Tradução:Google
Pesquisa:Internet


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