6 de outubro de 2014

Postagem 276
BEDIN V.I.P

MARINO CESAR BEDIN


PARANAPIACABA PASSADA A LIMPO


Por: Marino Cesar Bedin*


O antigo sistema funicular, criado para a descida da Serra do Mar, é uma das obras de engenharia ferroviária mais importantes e impressionantes do século 19
A Vila de Paranapiacaba é um lugar especial, diferente de quase tudo o que se conhece em termos de patrimônio. Pessoas visitam bens tombados, mas não moram neles. No entanto, Paranapiacaba foi construída como moradia de trabalhadores, e manter gente vivendo nela legitima o sentido de sua existência. O contrário disso transformaria o lugar num assustador “museu fantasma”. Daí a importância de se equacionar muito bem a complexa relação entre preservação e moradia. Por isso, vejo como fundamentais a regularização dos contratos das moradias, e todo esse processo que envolve o restauro patrocinado pelo PAC.
O antigo sistema funicular, criado para a descida da Serra do Mar — e do qual a Vila de Paranapiacaba faz parte —, é uma das obras de engenharia ferroviária mais importantes e impressionantes do século 19. Quem mora na Vila tem o privilégio de morar em um patrimônio admirável. Descuidar da Vila e das casas, entender o lugar como periferia da cidade ou coisa assim, é um erro tão grave como achar que um santo barroco, esculpido por Aleijadinho no século 18, é o mesmo que um santinho de plástico, fabricado em série na China. A Vila é inestimável, seu valor, enquanto patrimônio, é incalculável.
Paranapiacaba é um exemplo quase único de Vila Ferroviária, foi tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e pelo nosso Comdephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André). Tudo na Vila — inclusive as casas — pertence aos andreenses, aos paulistas, ao povo brasileiro.
O morador da Vila de Paranapiacaba é um guardião do patrimônio municipal, estadual, nacional. Ele deve estar consciente de que tem uma função dentro da Vila: cuidar dela. Aquele que mantiver com a Vila uma relação somente utilitarista estará incorrendo em crime contra o patrimônio. Mas quantos, hoje, têm essa consciência? Infelizmente, depois de muitos anos de permissividade e desordem, criou-se uma cultura que liberta o morador deseducado, descumpridor e aproveitador das benesses e privilégios concedidos em nome de amizades, votos e matreirices. Porém, daqui em diante, isso tudo mudará de figura: a Vila será guardada pelo morador, deixando de estar a serviço dos apetites particulares.
A regularização dos contratos é o passo inicial para a realização do projeto de restauro da Vila, mas, sobretudo, de resgate dos moradores; nesse sentido, a regularização educa o morador a perceber onde ele vive, qual o papel que ele desempenha, e mostra que somente com isonomia, organização e educação será possível tornar a população da Vila de Paranapiacaba guardiã desses valiosos monumentos nacionais: a Vila, o Sistema Funicular, sem falar da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, patrimônio também da Humanidade, reconhecido pela Unesco (United Nations Educational Scientific and Cultural Organization). O Brasil e o Mundo agradecem.
*Marino Cesar Bedin é conselheiro do Comdephaapasa.
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